Líder do PT passa a defender renúncia de André Vargas
Alvo do Conselho de Ética, deputado anunciou na segunda-feira que renunciaria ao mandato, mas recuou um dia depois
O líder do PT, deputado Vicentinho (SP), passou a defender nesta quarta-feira a renúncia do deputado licenciado André Vargas (PT-PR). Alvo de denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal, Vargas chegou a anunciar que havia decidido largar o mandato, mas recuou um dia depois. Para Vicentinho, a medida seria importante para evitar desgastes.
“Mesmo respeitando sua intimidade, respeitando sua dor, suas dificuldades, sinto que é chagada a hora da renúncia, renúncia do mandato, isso vai eliminar uma série de desgastes”, disse Vicentinho. Na semana passada, o líder havia afirmado que a renúncia era uma “questão de foro íntimo”.
A pressão sobre o parlamentar aumenta depois que Vargas foi ouvido pelo PT e anunciou, na segunda-feira, que renunciaria ao mandato. Ontem, recuou e disse que estava “reestudando” a decisão por considerar que seria inócua.
O “impasse” levantado por Vargas se sustenta no artigo 55 da constituição, segundo o qual a renúncia não interrompe o processo contra ele no Conselho de Ética e suspende os efeitos da renúncia. Na prática, ele não se livraria de ser cassado mesmo depois de deixar a Câmara.
Na segunda-feira, o relator do processo no colegiado, Júlio Delgado (PSB-MG), chegou a afirmar que a renúncia não teria efeito administrativo na Câmara até o fim dos trabalhos. A Secretaria-Geral da Mesa afirma, no entanto, que a decisão é pessoal e o suplente do deputado poderia ser convocado após a apresentação da carta.
Mais cedo, Vargas formalizou a renúncia ao cargo de vice-presidente da Câmara, anunciada há uma semana. “Foi um gesto previsto (...), mas nossa expectativa é que ele renuncie ao mandato. É o que nós esperamos até para não ter que ficar sangrando permanentemente, acho que a renúncia ao mandato será melhor para ele”, disse Vicentinho, que considerou "constrangedora" a demora para formalizar a decisão.
Para o líder, o caso de Vargas é diferente das denúncias contra os petistas José Dirceu e José Genoino, condenados no julgamento do mensalão e defendidos pelo partido. “Não se vê uma gravação, não tem uma prova concreta, não tem nada que possa ferir a ética no caso do José Dirceu, do Genoino”, disse. “No caso do André Vargas não digo que há provas, mas ele mesmo reconhece a viagem (no avião pago pelo doleiro)”, afirmou.