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Política

Livro do Lula, máscaras e espadas: os presentes de Bolsonaro

Da posse até abril deste ano, presidente recebeu em média sete mimos por dia; camiseta com referência a 2022, que ganhou durante evento oficial, pode render multa

29 jun 2021 - 22h36
(atualizado em 30/6/2021 às 07h35)
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Provocado pelo Ministério Público Eleitoral, o TSE terá de decidir em breve se multa o presidente Jair Bolsonaro por propaganda eleitoral antecipada. Uma das peças-chave da denúncia do MPE é um mimo oferecido a Bolsonaro durante evento oficial em Marabá (PA).

Na sexta-feira, 18, com transmissão ao vivo pela TV Brasil, Bolsonaro recebeu de presente duas camisetas com as cores da bandeira nacional. Uma delas estampava um mote reciclado da última campanha presidencial: "É melhor Jair se acostumando - Bolsonaro 2022".

Em Marabá (PA), Bolsonaro ganhou e exibiu uma camiseta em que se lê "É melhor Jair se acostumando. Bolsonaro 2022"
Em Marabá (PA), Bolsonaro ganhou e exibiu uma camiseta em que se lê "É melhor Jair se acostumando. Bolsonaro 2022"
Foto: Reprodução / Estadão

A denúncia do vice-procurador Renato Brill de Góes reúne outros elementos além da camiseta - como os discursos de autoridades, no palco, atacando possíveis rivais na disputa do ano que vem -, mas coloca em evidência os presentes do presidente. Em média, pelo menos até abril, foram oferecidos a Bolsonaro sete por dia.

Em 28 meses de governo, entre 2019 e 30 de abril de 2021, ele recebeu 6.117 presentes de pessoas comuns, autoridades e governos estrangeiros. Os itens são registrados pela Diretoria de Documentação Histórica da Presidência, e o Estadão obteve a lista de presentes junto ao órgão por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

No total, foram 4.134 itens variados, como 175 máscaras de proteção, uma baioneta, três espadas, 18 facas e quatro canivetes, além de 1.630 livros e 353 peças audiovisuais (pen drives e discos digitais). Uma das espadas foi presente do comando da Polícia Militar de Goiás. A baioneta, por sua vez, foi um mimo dado pelo comando da Polícia Militar do Rio de Janeiro, no Natal do ano passado.

Objetos menos glamourosos, comuns à rotina de qualquer família, também compõem a lista. Bolsonaro foi presenteado com panos de prato, cafeteiras, panelas, quadros, imãs de geladeiras, bonés, canetas e chaveiros.

Lula

Já a biblioteca do presidente cresceu bastante no período. Em junho de 2019, ele ganhou "Lula e a Ideologia de Marx", de José Antônio Tobias, publicação crítica ao petista. Bolsonaro também ganhou 77 exemplares da Bíblia Sagrada, entre os 1.630 títulos no total. Presentes de cunho religioso estão entre os mais comuns. Ele recebeu um frasco de água benta, 56 terços e 46 imagens de santos católicos, 15 delas de Nossa Senhora da Aparecida.

As gravatas são outro hit: o presidente já foi presenteado com 56, a maior parte de seda. Algumas das peças foram mimos de autoridades com gabinete no próprio Planalto, como os ministros Onix Lorenzoni (Secretaria Geral da Presidência) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). "Candidato" a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, o ministro da Advocacia Geral da União, André Mendonça também deu uma gravata ao chefe.

A exemplo da camiseta que recentemente se tornou pivô da denúncia de propaganda eleitoral, até abril, Bolsonaro havia ganho outras 954, de muitos tipos e modelos, incluindo diversas de times de futebol.

Colete salva-vidas

Um dos mais curiosos presentes, Bolsonaro ganhou do ex-secretário de Comunicação Social da Presidência, Fabio Wajngarten. Ele ofereceu ao mandatário, em janeiro do ano passado, um colete salva-vidas.

Apesar dos conhecidos ruídos na relação entre Brasil e China, provocados por declarações pouco amistosas de familiares de Bolsonaro e integrantes do governo em torno do novo coronavírus, o embaixador do país asiático, Yang Wanming, presenteou o presidente com um vaso decorativo, no aniversário de Bolsonaro, em março do ano passado, e um calendário, em dezembro, no Natal. Em 19 de março deste ano, Wanming voltou a presentear o mandatário, desta vez com oito esculturas.

Estadão
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