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Política

Luciana Genro compara luta do Psol à do partido grego

A candidata à presidência em 2014 enviou carta ao novo primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras

26 jan 2015 - 21h54
(atualizado em 27/1/2015 às 10h45)
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<p>Luciana Genro afirmou que Dilma adota o "tipo de modelo econômico que levou o povo grego a esta situação de crise humanitária".</p>
Luciana Genro afirmou que Dilma adota o "tipo de modelo econômico que levou o povo grego a esta situação de crise humanitária".
Foto: Janaina Garcia / Terra

A candidata à Presidência em 2014 pelo Psol Luciana Genro divulgou, nesta segunda-feira, carta enviada ao novo primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, felicitando-o por sua eleição. Nela, se compara a Tsipras, afirmando que ambos enfrentaram a "mesma luta".

Thiago Aguiar, representante de seu partido que foi a Atenas apoiar o Syriza, partido de Tsipras, ficou incumbido de entregar o texto.

Genro relatou que já teve um encontro com o novo primeiro-ministro grego, em 2012, quando esteve no país europeu a convite da Syriza, e em 2013, quando Tsipras esteve em São Paulo.

Na mensagem, seu partido, o Psol, é comparado ao Syriza. "Nós do PSOL apoiamos e apostamos em vocês desde o início, pois travamos a mesma luta: defender os direitos do povo, seja contra a direita, seja contra uma velha esquerda que aplica os mesmos planos da direita. Este foi o embate vitorioso que fizeste aí. Eu, aqui, como candidata a presidência do Brasil no ano passado, também enfrentei esta luta".

Ela afirma que a maciça vitória do Syriza, partido de extrema esquerda, "foi uma vitória da democracia contra a plutocracia" e diz ser "simbólico que este renascimento democrático comece justamente no lugar onde, há tantos séculos, nasceu a ideia da democracia como o governo do povo".

Luciana afirma que outros países com eleições próximas podem ser influenciados pela Grécia. "Este caminho de mudança vai servir de exemplo para os europeus, em especial portugueses e espanhóis que também vivem a política do ajuste, e com certeza veremos crescer o Bloco de Esquerda e o Podemos (partidos de esquerda dos respectivos países citados)".

Ela ainda criticou Dilma, a qual afirma estar adotando as medidas de austeridade aplicadas pelo governo grego anterior: "o governo Dilma, mesmo eleito com um discurso diferente, vem anunciando a aplicação do mesmo tipo de modelo econômico que levou o povo grego a esta situação de crise humanitária".

Veja a carta na íntegra:

Querido Tsipras

Saudações!

Estamos todos aqui vibrando com a vitória da Syriza. Foi uma vitória da democracia contra a plutocracia, da força do povo contra a força do capital. É simbólico que este renascimento democrático comece justamente no lugar onde, há tantos séculos, nasceu a ideia da democracia como o governo do povo.

Esta foi uma vitória dos 99% contra o 1%, do direito à dignidade contra a lógica do capital, do direito à vida acima do direito ao lucro, enfim, do povo contra os bancos. Podes ter certeza que esta vitória não é só dos gregos e nem só da Syriza. Este caminho de mudança vai servir de exemplo para os europeus, em especial portugueses e espanhóis que também vivem a política do ajuste, e com certeza veremos crescer o Podemos e o Bloco de Esquerda. Consideramos uma vitória nossa também, do PSOL. A Syriza irradia e alimenta a esperança dos lutadores por toda a Europa e por todo o mundo.

Quero parabenizar a ti e a todos os demais dirigentes e militantes da Syriza pela capacidade de traduzir e representar o sentimento de revolta do povo grego e, ao mesmo tempo, por conseguir demonstrar que existe uma alternativa à austeridade exigida pela Troika. Quero também saudar o povo grego pela coragem, por não se deixar intimidar pelas chantagens e ameaças perpetradas pela Troika e pela imprensa burguesa, por apostar na esperança.

Quando estive aí em 2012 ainda eram poucos aqui no Brasil que acreditavam e apostavam na Syriza como a alternativa necessária para governar a Grécia. Nós do PSOL apoiamos e apostamos em vocês desde o início, pois travamos a mesma luta: defender os direitos do povo, seja contra a direita, seja contra uma velha esquerda que aplica os mesmos planos da direita. Este foi o embate vitorioso que fizeste aí. Eu, aqui, como candidata a presidência do Brasil no ano passado, também enfrentei esta luta e é o embate que o PSOL seguirá travando junto com o povo e a juventude nas ruas do Brasil. Nossas idéias no Brasil ainda são minoritárias, mas somos muito orgulhosos pelo fato do meu nome, representando o PSOL na disputa presidencial, ter recebido o voto de 1 milhão e 600 mil brasileiros nas eleições de outubro passado.

O governo Dilma, mesmo eleito com um discurso diferente, vem anunciando a aplicação do mesmo tipo de modelo econômico que levou o povo grego a esta situação de crise humanitária. O caminho trilhado pelo PT, de ceder aos interesses do capital, o levou a ceder cada vez mais e a ficar cada vez mais parecido com o PASOK grego. Ainda não perdeu os votos como o PASOK, mas vai perder. Lutamos para que aqui não cheguemos à mesma situação calamitosa da Grécia antes que o povo acredite que existe outro caminho que não o do ajuste, e que a esquerda radical, isto é, coerente, chegue ao poder.

O desafio para vocês agora é imenso. As pressões da Troika para que a Syriza aceite apenas mudanças superficiais serão intensas. Apostamos que a força do povo materializada nesta vitória contundente dê a vocês a determinação para não ceder. A esquerda radical do mundo inteiro acompanha esta experiência cheia de esperança. Será uma nova configuração na política européia e a possibilidade de uma nova política econômica que influenciará o mundo todo. Contem conosco para construir este novo caminho.

Um grande abraço,

Luciana Genro – PSOL/Brasil.

Fonte: Terra
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