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Política

Lula age para evitar 'independência' do União Brasil no Congresso

Presidente pede para articuladores políticos acalmarem Elmar Nascimento, lider do partido na Câmara, que tem apoio na bancada

18 jan 2023 - 16h10
(atualizado às 16h25)
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Governo Lula tenta evitar racha no União Brasil. Ministro Alexandre Padilha teve encontro com deputado Elmar Nascimento (esq. na foto)
Governo Lula tenta evitar racha no União Brasil. Ministro Alexandre Padilha teve encontro com deputado Elmar Nascimento (esq. na foto)
Foto: Wilton Junior / Estadão / Estadão

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a articuladores políticos do governo que acelerem as negociações para impedir a perda de votos no Congresso com o racha do União Brasil. Nos bastidores, ministros do PT admitem que foi um erro ter depositado todas as fichas apenas em indicações feitas pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e por Luciano Bivar (PE), presidente do partido.

Na tentativa de contornar uma dissidência na base aliada antes mesmo do início do ano legislativo, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, se reuniu nesta terça-feira, 17, com o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA). Vetado pelo PT da Bahia para comandar o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, o deputado é aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e tem influência sobre a bancada. Agora, governo depende dele, em grande parte, para não perder apoio.

Com três ministérios no novo governo, o União Brasil pretende anunciar independência em relação ao Palácio do Planalto no fim deste mês, com a divulgação de um manifesto para deixar evidente o descontentamento. A bancada da Câmara se queixa de não ter sido consultada antes das nomeações para o primeiro escalão e afirma que em nenhum momento se comprometeu a votar com propostas encaminhadas por Lula. O partido tem 59 deputados e 10 senadores.

"Nenhum filiado é proibido de participar do governo, mas a posição da bancada é de independência", disse Elmar. Se não tivesse sido barrado pelo PT, o deputado - que foi relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição - comandaria hoje o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.

Uma operação de última hora liderada por Alcolumbre, porém, levou para a Integração o ex-governador do Amapá Waldez Góes. Filiado ao PDT, Góes entrou na cota do União com o compromisso de se afastar do antigo partido e ajudar a "pacificar" a sigla de Alcolumbre e Bivar.

Em 2019, o então governador foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a seis anos e nove meses de prisão, em regime semiaberto, acusado de desviar recursos de empréstimos consignados de servidores estaduais. A ação foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e está paralisada na Corte.

Para acalmar a "revolta" no União, que também não se sentiu contemplado com as indicações de Daniela do Waguinho (RJ) no Ministério do Turismo e de Juscelino Filho (MA) em Comunicações, o Planalto apresentou uma oferta a Elmar. Quer que ele mantenha o controle da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que ficou conhecida como "estatal do Centrão".

A autarquia foi uma das principais destinatárias dos recursos do orçamento secreto e alvo de investigações, após denúncias de corrupção. Em conversas reservadas, no entanto, o grupo de Elmar afirma que, com o fim do orçamento secreto, a Codevasf ficou "esvaziada".

No diagnóstico da cúpula do PT, uma ala do União Brasil está criando dificuldades com o objetivo de mudar os ministros. Além de não querer ser vista como base aliada de Lula, essa corrente também ameaça formar um bloco com o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e isolar o PT na disputa por cargos na Mesa da Câmara e em comissões. A eleição que vai escolher os presidentes da Câmara e do Senado está marcada para 1.º de fevereiro.

A esse imbróglio se soma a briga interna nas fileiras do União, que também abriga o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, senador eleito. Luciano Bivar, por exemplo, tentou destituir Elmar da liderança da Câmara. Queria emplacar na cadeira o deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), mas não obteve sucesso na empreitada. Alcolumbre bateu o pé para encaixar Waldez Góes na Integração. Na avaliação do Planalto, porém, Alcolumbre e Bivar não têm conseguido conter a rebelião no partido.

O União Brasil também reclama que o PT quer ocupar a estrutura de todos os ministérios, como o do Turismo. Acusada de ligações com a milícia no Rio de Janeiro, Daniela do Waguinho fez poucas indicações até agora porque, na versão de seus aliados, os principais postos estão com a Embratur, comandada por Marcelo Freixo.

O escândalo envolvendo a ministra - que, ao entrar para o governo, adotou o nome Daniela Ribeiro - só foi ofuscado por causa dos atos golpistas no último dia 8, em Brasília. Deputada reeleita com mais votos no Rio, ela e o marido - o prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, conhecido como Waguinho - fizeram campanha para Lula no segundo turno. O presidente se sentiu "devedor" do apoio dado pela dupla e fez uma mudança no ministério para chamar Daniela. Não imaginava, porém, que teria tanto problema no caminho.

Estadão
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