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Política

Lula apresenta PEC da Segurança, mas governadores cobram outras ações; veja quais

Caiado fez as críticas mais duras, acusando o governo de usurpar a atribuição dos governadores; demais participantes elogiaram iniciativa federal, mas falaram que é preciso ir além dos temas tratados na Proposta de Emenda Constitucional

31 out 2024 - 17h58
(atualizado às 18h15)
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residente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com Governadores, no Palácio do Planalto
residente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com Governadores, no Palácio do Planalto
Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, apresentam nesta quinta-feira, 31, a governadores a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública. A PEC é uma tentativa do governo de tentar minimizar os problemas numa das áreas pior avaliadas da gestão petista. Na reunião realizada no Palácio do Planalto, governadores que apoiam o governo e também os de oposição cobraram ações de combate à criminalidade que vão além do que está previsto na PEC.

O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, agradeceu o convite, disse que ainda precisará analisar a PEC, mas disse que as ações precisam ir além dela. "Talvez a PEC sozinha não tenha o condão de resolver o problema da segurança pública. Há outros problemas correlatos, e talvez nessa reunião podemos dar um primeiro grande passo, de estabelecer grupo de trabalho e formular uma série de propostas", afirmou.

Tarcísio disse que o Estado se preocupa muito com a "a transposição do ilícito nos negócios lícitos". Ele citou o setor de combustíveis, "um dos preferidos pelo crime organizado para a lavagem do dinheiro".

O governador defendeu uma coordenação melhor das informações produzidas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) com os Grupos de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaecos) nos Estados". Às vezes falta mais acesso às informações que são produzidas", disse.

Tarcísio propôs ainda a criação de linhas de financiamento dentro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para custear equipamentos de combate ao crime. Além disso, sugeriu a criação de um Sistema Nacional de Controle de Fronteiras.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, foi mais incisivo. "Isso é uma invasão de poder, usurpação de poder", disse se referindo à PEC do governo. Disse ainda que a PEC parte de uma premissa errada que vai levar a ações erradas. "Ou encaramos o assunto com a seriedade que merece. O Congresso deveria é dar mais autonomia aos estados para legislar os assuntos penais", disse Caiado. "Ou vamos enfrentar o crime para valer ou o crime vai tomar conta do País", acrescentou. E ainda avisou, por exemplo, que não vai botar câmera em policiais.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, também disse que os problemas de segurança vão além da PEC. Ele pediu que os gastos com segurança fique foram dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. Cobrou ainda que seja aprovada legislação para impedir que o preso habitual seja solto em audiências de custódia. Segundo ele, isso tem sido cada vez mais comum.

"Eu gasto R$ 13 bilhões com segurança, R$ 8 bilhões com educação e R$ 7 bilhões com saúde. O gasto com segurança toma todo meu espaço fiscal", complementou.

Castro disse que o debate sobre a PEC da segurança pública "deveria ser um pouco ampliado por questões práticas e urgentes que precisamos tratar para hoje". Ele destacou os problemas da lavagem de dinheiro e da entrada de armas e drogas. "Precisamos urgentemente que a diplomacia brasileira faça uma conversa dura com esses países, inclusive com sanções claras".

"Hoje, 90% das armas apreendidas pela PM e Polícia Civil do Rio de Janeiro foram fabricadas nos EUA, e vendidas para Paraguai, Colômbia e Equador. Nós sabemos de onde essas armas vêm, para onde são vendidas, e nesses países elas perdem o monitoramento", afirmou. Aliado do governo, o governador do Maranhão, Carlos Brandão, elogiou a iniciativa, e afirmou que os problemas de segurança vão além da PEC. "Não podemos encerrar o debate apenas nessa PEC", comentou.

Lewandowksi questiona polícias do DF e do Rio por atuações no 8/1 e no caso Marielle

No início da reunião, o ministro da Justiça disse que a PEC não altera "em uma vírgula" as competências dos Estados e municípios em relação às polícias civis e militares e às guardas municipais. "Não estamos mexendo em uma vírgula no que diz respeito às competências dos Estados para regular suas polícias civis e militares. E também aos prefeitos, não estamos interferindo em absolutamente nada à definição e às competências das guardas municipais", disse o ministro.

Ao falar da PEC e defender a criação de uma nova polícia ostensiva federal, questionou a atuação das polícias do Rio e do Distrito Federal. Primeiro, o ministro Lewandowski disse que o homicídio da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista, Anderson Gomes, só foi solucionado após a Polícia Federal entrar no caso. Criticou a Polícia do Rio de Janeiro por não ter resolvido o caso antes.

"Por 5 anos, me desculpe governador Cláudio Castro, a Polícia do Rio de Janeiro demorou e não elucidou (o crime). A valorosa e combativa Polícia Federal entrou com sete homens e desvendou esse lamentável crime", disse o ministro. Castro, que está presente na reunião reclamou, ao que o ministro da Justiça respondeu: "Mas não é crítica. Estamos colaborando muito proximamente".

Depois, o ministro defendeu que caso houvesse uma Polícia Ostensiva Federal no desenho previsto na PEC da segurança pública, a invasão do 8 de janeiro não aconteceria e ressaltou que a PF identificou "graves falhas" na atuação da Polícia Militar do Distrito Federal no caso.

"A Polícia Ostensiva Federal poderá, conforme se dispuser em lei, exercer policiamento ostensivo na proteção de bens, serviços e instalações federais. Presidente, se tivéssemos em 8 de janeiro de 2022 (ele quis dizer 2023) uma Polícia Ostensiva Federal, não teria ocorrido a invasão nas sedes dos Três Poderes. Nós dependemos da Polícia Militar do DF. Sem nenhuma crítica, mas a PF terminou o inquérito com relação a esse assunto e chegou à conclusão de que houve graves falhas por parte desta honrada e valorosa corporação do Distrito Federal", declarou.

Veja quem participa

A reunião no Palácio do Planalto conta com 43 participantes, além do próprio presidente. Governadores e vice-governadores de mais de 20 Estados, ministros do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça e secretários de Segurança Pública dos Estados estão na lista de presentes.

A seguir, a lista completa de presentes divulgada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República:

1. Geraldo Alckmin, Vice-Presidente da República e Ministro de Estado do

Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços

2. Rui Costa, Ministro de Estado da Casa Civil da Presidência da República

3. Ricardo Lewandowski, Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública

4. Esther Dweck, Ministra de Estado da Gestão e Inovação em Serviços Públicos

5. Alexandre Padilha, Ministro de Estado da Secretaria de Relações Institucionais

da Presidência da República

6. Jorge Messias, Advogado-Geral da União

7. Vinicius Carvalho, Ministro de Estado da Controladoria-Geral da União

8. Ministro Flávio Dino, Ministro do Supremo Tribunal Federal

9. Ministro Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin, Presidente do Superior

Tribunal de Justiça

10. Hindenburgo Chateaubriand Filho Vice - Procurador-Geral da República

11. Jerônimo Rodrigues, Governador do Estado da Bahia

12. Cláudio Castro, Governador do Estado do Rio de Janeiro

13. Carlos Brandão, Governador do Estado do Maranhão

14. Hana Ghassan Tuma, Governadora do Estado do Pará, em exercício

15. Priscila Krause, Governadora do Estado de Pernambuco, em exercício

16. Tarcísio de Freitas, Governador do Estado de São Paulo

17. Ronaldo Caiado, Governador do Estado de Goiás

18. Otaviano Pivetta, Governador do Estado do Mato Grosso, em exercício

19. Elmano de Freitas, Governador do Estado do Ceará

20. Renato Casagrande, Governador do Estado do Espírito Santo

21. Rafael Fonteles, Governador do Estado do Piauí

22. Fábio Mitidieri, Governador do Estado de Sergipe

23. Gladson Cameli, Governador do Estado do Acre

24. Celina Leão, Governadora do Distrito Federal, em exercício

25. José Carlos Barbosa, Governador do Estado do Mato Grosso do Sul, em exercício

26. Wanderlei Barbosa, Governador do Estado de Tocantins

27. Clécio Luís, Governador do Estado do Amapá

28. Antônio Denarium, Governador do Estado de Roraima

29. Senador Randolfe Rodrigues, Líder do Governo no Congresso

30. Deputado Federal José Guimarães, Líder do Governo na Câmara de Deputados

31. Ministro Mauro Luiz Campbell Marques, Corregedor Nacional de Justiça

32. Mário Luiz Sarrubbo, Secretário Nacional de Segurança Pública do Ministério da

Justiça e Segurança Pública

33. André Garcia, Secretário Nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça

e Segurança Pública

34. Antônio Fernando Souza Oliveira, Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal

35. Andrei Rodrigues, Diretor-Geral da Polícia Federal

36. Lucas Ribeiro, Vice-Governador do Estado da Paraíba

37. Tadeu de Souza Silva, Vice-Governador do Estado do Amazonas

38. Sérgio Gonçalves da Silva, Vice-Governador do Estado de Rondônia

39. Flávio Saraiva da Silva, Secretário de Segurança Pública do Estado de Alagoas

40. Edgard Estevo da Silva, Secretário Adjunto de Justiça e Segurança Pública de

Minas Gerais

41. Mário Ikeda, Secretário Adjunto de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do

Sul

42. Rodrigo Neves, Frente Nacional de Prefeitos

43. Moema Gramacho, Associação Brasileira dos Municípios

Estadão
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