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Política

Lula chora ao falar sobre fome, cita golpe e crescimento da desigualdade no Brasil

Depois de receber faixa presidencial, chefe do Executivo relembrou filas para comprar ossos em açougues e volta ao Mapa da Fome

1 jan 2023 - 18h17
(atualizado às 18h42)
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Lula se emociona ao discursar para a militância após posse em Brasília
Lula se emociona ao discursar para a militância após posse em Brasília
Foto: REUTERS/Adriano Machado

No segundo discurso durante cerimônia de posse, já com a faixa presidencial — que foi entregue em um ato simbólico e inédito pelo "povo brasileiro" —, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chorou ao falar sobre a fome no País, citou golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016 e o aumento da desigualdade dentro da sociedade brasileira.

A emoção tomou conta do presidente no momento em que ele reafirmava seu compromisso com o combate à desigualdade. "Quando digo 'governar', eu quero dizer 'cuidar'. Mais do que governar, vou cuidar com muito carinho deste País e do povo brasileiro. Nestes últimos anos, o Brasil voltou a ser um dos países mais desiguais do mundo. Há muito tempo não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas", discursou.

Veja o trecho do discurso abaixo:

Ainda no início de seu discurso, Lula se dirigiu aos eleitores de outros candidatos e declarou que irá governar "para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras", não apenas para seus eleitores.

"A ninguém interessa um País em permanente pé de guerra ou uma família vivendo em desarmonia. É hora de reatarmos os laços com amigos e familiares, rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas mentiras", declarou.

Ele aproveitou para criticar os ataques às urnas e o não reconhecimento do resultado das eleições por grupos bolsonaristas que, desde o início de novembro, ocupam a frente de quartéis pelo Brasil pedindo por interveção militar. "O povo brasileiro rejeita a violência de uma pequena minoria radicalizada que se recusa a viver num regime democrático. Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz", declamou.

Desigualdade

O enfoque central de todo o segundo discurso do novo presidente foi a desigualdade no País. Em diversos momentos, Lula comparou duas realidades extremas que existem na população brasileira: a dos mais ricos e a dos mais pobres. "De um lado, uma pequena parcela da população que tudo tem. Do outro lado, uma multidão a quem tudo falta, e uma classe média que vem empobrecendo ano após ano.", disse em uma das passagens.

Em outra, Lula relembrou filas de pessoas famintas em frente a açougues, que chegaram a vender ossos para os mais pobres durante a crise econômica decorrente da pandemia da covid-19, em 2020. "Fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome. E, ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de automóveis importados e jatinhos particulares", disse.

O presidente defendeu que lutar contra a desigualdade, fome e extrema pobreza será prioriedade em seu governo "Eu e meu vice Geraldo Alckmin assumimos hoje, diante de vocês e de todo o povo brasileiro, o compromisso de combater dia e noite todas as formas de desigualdade", prometeu.

Segundo ele, a luta será contra desigualdades de renda, gênero e raça, nos ambientes de mercado de trabalho, representação política, nas carreiras do Estado, acesso à saúde, educação e demais serviços públicos.

Com isso, Lula justificou o resgate do Ministério da Igualdade Racial, do Ministério da Mulher e a criação do Ministério dos Povos Indígenas.

Golpe em Dilma e governos subsequentes

Lula relembrou o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016 e afirmou que os governos seguintes "destruíram muito do que foi contruído em 13 anos em menos da metade desse tempo".

Com dados, ele relembrou os quase 700 mil brasileiros mortos pela covid-19, os 125 milhões de brasileiros que sofrem com algum grau de insegurança alimentar e outros 33 milhões que passam fome. 

O petista citou ainda um trecho do documento que chamou de "verdadeiro relatório do caos" produzido pelo Gabinete de Transição. Veja o trecho lido abaixo:

“O Brasil bateu recordes de feminicídios, as políticas de igualdade racial sofreram severos retrocessos, produziu-se um desmonte das políticas de juventude, e os direitos indígenas nunca foram tão ultrajados na história recente do país.

Os livros didáticos que deverão ser usados no ano letivo de 2023 ainda não começaram a ser editados; faltam remédios no Farmácia Popular; não há estoques de vacinas para o enfrentamento das novas variantes da COVID-19.

Faltam recursos para a compra de merenda escolar; as universidades corriam o risco de não concluir o ano letivo; não existem recursos para a Defesa Civil e a prevenção de acidentes e desastres. Quem está pagando a conta deste apagão é o povo brasileiro.”

Frente ampla

Lula finalizou seu discurso prometendo gerar empregos, reajustar o salário mínimo acima da inflação, baratear o preço dos alimentos, criar vagas nas universidades, investir na saúde, na educação, na ciência e na cultura.

Além disso, também prometeu retomar as obras de infraestrutura e do Minha Casa Minha Vida; trazer investimentos e reindustrializar o Brasil; combater as mudanças climáticas e acabar a devastação dos biomas, sobretudo a Amazônia, além de romper com o "isolamento internacional" e voltar a se relacionar com todos os países do mundo.

Para isso, Lula deixou claro que não é "tarefa de apenas um presidente ou governo", mas sim de uma frente ampla contra a desigualdade, que envolva a sociedade como um todo.

Fonte: Redação Terra
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