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Política

Lula defende financiamento agrícola em terra indígena

'Por que não existe dinheiro para financiar povos indígenas em sua produção?, questiona presidente, sem detalhar projeto'

13 mar 2023 - 20h52
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ESPECIAL PARA O ESTADÃO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, 13, que seu governo estuda um programa de financiamento para a produção agrícola indígena.

"Se nós temos dinheiro para financiar empresários, agricultura familiar, grandes proprietários de terra, por que não existe dinheiro para financiar povos indígenas em sua produção?", disse o presidente, durante a 52ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas, que acontece na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

O evento reuniu membros de diversas etnias de todo o território nacional e debate agendas para o ano de 2023.

Embora ainda não haja um desenho desse projeto, ele pode ser uma atualização do "Carteira Indígena", programa de incentivo e subsídio para a produção indígena implementado durante a primeira gestão de Lula (2003-2006). A iniciativa durou até 2009.

O tratamento dado aos indígenas foi objeto de diversas polêmicas no governo Jair Bolsonaro. Em janeiro de 2019, Bolsonaro tentou emplacar um decreto que permitia o arrendamento de terras indígenas para o agronegócio, mas a normativa nunca chegou a ser editada.

Duas semanas antes do término da gestão, o ex-presidente editou um decreto autorizando um 'manejo florestal', que permitiria que indígenas firmassem parcerias com produtores rurais para criação de gado e plantio de culturas em áreas demarcadas. O decreto integrou o pacote de medidas revogadas por Lula no dia 1º de janeiro.

Bolsonaro recebe indígenas favoráveis ao governo em agosto de 2021
Bolsonaro recebe indígenas favoráveis ao governo em agosto de 2021
Foto: Gabriela Biló/ESTADÃO / Estadão

Bolsonaro se amparou em grupos de indígenas favoráveis ao seu governo. Em desses encontros, em agosto de 2021, o ex-presidente declarou "eles são exatamente iguais a cada um de nós. Índio quer trabalhar, quer internet, quer o progresso, quer pagar imposto". Durante a campanha, ele também foi crítico à demarcação de terras. "Dobrar a área indígena que está demarcada no Brasil é o fim da nossa economia, é o fim da nossa segurança alimentar."

O Código Civil classifica os indígenas como "relativamente capazes", ou seja, pessoas aptas a praticar apenas alguns atos da vida civil. Em 2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência alterou a lei, estabelecendo que deve haver uma norma específica para disciplinar a capacidade civil dos indígenas.

No evento desta segunda, Lula esteve acompanhado de sua mulher, Janja, da presidente da Funai, Joenia Wapichana e de alguns membros do primeiro escalão do governo - Márcio Macedo (Secretaria-geral), Paulo Pimenta (Secom), José Múcio (Defesa), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Nísia Trindade (Saúde).

Estadão
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