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Política

Lula descarta ser candidato e pede fim de "boataria"

Em conversa com blogueiros em São Paulo, o ex-presidente falou sobre o julgamento do mensalão e defendeu democratização da mídia brasileira

8 abr 2014 - 11h56
(atualizado às 15h21)
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva endossou apoio a Dilma Rousseff em 2014
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva endossou apoio a Dilma Rousseff em 2014
Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula / Divulgação

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu o fim da "boataria" sobre sua possível candidatura à presidência da república nas eleições deste ano. Em evento com blogueiros em São Paulo nesta terça-feira, Lula descartou a hipótese de se lançar como candidato e endossou seu apoio a Dilma Rousseff.

"Não sou candidato. Gostaria que vocês contribuíssem para acabar com essa boataria. A Dilma é a minha candidata", afirmou o ex-mandatário antes do início de entrevista com os presentes no evento.

Na última pesquisa do Datafolha, divulgada no dia 5 de março, Lula foi o único a ter melhor desempenho que Dilma. No cenário em que Lula aparece, ele teria 52% dos votos - em fevereiro, o número era de 54%. A pesquisa também mostrou que Dilma, apesar de perder seis pontos percentuais, ainda venceria no primeiro turno.

"O que incomoda eles (oposição) é saber que eu estou vivo, com muita vontade de brigar. Acho que já cumpri com minha tarefa de silêncio profundo, de deixar a Dilma governar. Estou aí, motivado e disposto a não baixar a cabeça", afirmou Lula. “Eu vou trabalhar para a gente eleger a Dilma. Se eu vou voltar no futuro, só deus sabe. Eu acho que já cumpri com minha parte."

Lula demonstrou despontamento com a possível candidatura do ex-aliado do PT, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). “Na hora em que rompe com o PT, não há sinal de ir para a esquerda, o sinal é ir para a direita. Eu não compreendo”, falou.

Críticas à parte, o ex-mandatário lembrou a proximidade que mantém com Campos. “Sou agradecido com tudo que ele contribuiu e ele deve ser muito agradecido a tudo que o meu governo contribuiu para o Estado de Pernambuco", afirmou Lula. "Espero que ele faça a campanha, se for fazer uma campanha de apresentação, tudo bem. A Dilma precisa governar esse País para que o País não seja pego de sobressalto".

Lula durante conversa com blogueiros em São Paulo
Lula durante conversa com blogueiros em São Paulo
Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula / Divulgação

Mensalão, mídia e Petrobras

A conversa com os blogueiros foi bastante aberta. Após falar, foi aberto espaço de perguntas, através das quais Lula e os participantes debateram questões da política brasileira e mundial contemporânea.

Falando sobre a ação penal 470, Lula pesou o legado do julgamento para o Partido dos Trabalhadores e criticou o papel da mídia na cobertura. “Eu espero que o PT tenha aprendido a lição do que significou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do mensalão. Essa CPI deixou marcas profundas nas entranhas do PT. Se o PT tivesse feito um debate politico quando deveria, e não ficasse esperando um debate jurídico, história seria outra", disse o ex-presidente.

Lula questiona até hoje o início das investigações que resultaram no processo do mensalão. “Penso como é possível uma CPI que começou a investigar R$ 3 mil reais, em uma empresa pública comandada pelo PMDB, investigou gente do PDT e acabou no PT”, falou o ex-presidente, ao se referir à CPI dos Correios, origem do escândalo do mensalão.

De candidatura à saúde: veja conversa de Lula com blogueiros:

A autocrítica foi acompanhada de ataque à cobertura da chamada "grande mídia" e da defesa da democratização da comunicação no Brasil. “A história do mensalão vai ser recontada", afirmou. “A imprensa teve um papel de condenação explícita antes de cada sessão. Um massacre apoteótico. Um dia nós vamos saber qual é o papel dos meios de comunicação nessa questão do mensalão”.

Sobre a Petrobras, Lula citou que, em 2009, “se levantou uma CPI contra a Petrobras”. De acordo com o petista, o Tribunal de Contas da União sempre esteve dentro da empresa e que tudo será investigado. “Esse caso de Pasadena já foi para o TCU, já foi para o Senado, voltou outra vez possivelmente porque algumas das pessoas que estão ansiosas por uma CPI trabalham com a o enfraquecimento da Petrobras. Que brasileiro se interessa pelo enfraquecimento da Petrobras?”

Para Lula, a questão de Pasadena é usada com propósito eleitoral por membros da oposição. “A gente vê oposição que nunca quis CPI, agora tentando tirar proveito de seis meses de campanha”, concluiu.

Saúde, Copa do Mundo e protestos

Quando questionado sobre a situação da Saúde no Brasil, Lula voltou a criticar o processo que resultou no fim da CPMF. O ex-presidente ressaltou os avanços dos últimos anos, mas concluiu que é impossível ter uma saúde de qualidade sem um imposto exclusivo. “Dizem que no governo tem muito recurso. Todo mundo acha que tem dinheiro de sobra, e não tem. A saúde custa caro”, disse.

“No fundo, no fundo, quiseram acabar com a CPMF para evitar a maior fiscalização do governo no negócio de sonegação de impostos do brasil. Eles tiraram, só naquele ano, R$ 50 bilhões da Saúde. Se você somar os 4 anos de mandato, foram quase  R$ 200 bilhões que tiraram da saúde no meu mandato.”

Abordando questões de orçamento, Lula tratou de defender a Copa do Mundo e seu legado para o País. “A Copa do Mundo aqui no Brasil é um encontro de civilizações causado pelo esporte. É mais que dinheiro", disse Lula, citando os investimentos e as melhorias que, na sua opinião, o megaevento esportivo deste anos deixará. "O que vai ficar depois? A briga continua", afirmou sobrea necessidade da manuntenção de investimentos.

A propósito da Copa e dos protestos que ela tem provocado desde o ano passado, Lula rafirmou a visão predominante do governo de que as manifestações são sinal de saúde política da nação. “Você quer uma coisa melhor pra democracia que protesto?", resumiu o ex-presidente.

Fonte: Terra
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