Lula diz que é preciso regular internet ao citar fake news sobre tragédia no Rio Grande do Sul
Presidente diz que circulação de informações falsas 'não ajuda' e que Brasil 'não merece essa indústria mentirosa'; maior enchente da história do Estado gaúcho já causou 85 mortes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta terça-feira, 7, que trabalha com a vontade de que, em algum momento, "o Congresso Nacional, a sociedade brasileira e os internautas do mundo se dêem conta de que é preciso existir uma certa regulação" da internet. A declaração foi dada após o petista afirmar que "tem muitas fake news sobre o Rio Grande do Sul", Estado que passa pela maior enchente de sua história e tem pelo menos 385 cidades atingidas pelas fortes chuvas.
Para o chefe do Executivo, é necessário utilizar a tecnologia para promover "uma melhoria civilizatória da humanidade, e não uma piora". Durante o programa "Bom dia, Presidente" - uma versão do "Bom Dia, Ministro" - da EBC, Empresa Brasil de Comunicação, Lula disse que "o bicho está solto, tem muita gente ruim, tem muita gente falando mentira e pregando ódio".
Em relação aos trabalhos na região, o presidente disse que viu, ontem, "vídeo de gente desacreditando das Forças Armadas" e "desmerecendo as pessoas que estão trabalhando" no Estado. Para ele, "um país que tem os seres humanos com tamanha bondade como o Brasil, não merecia essa indústria de fake news, mentirosa e até 'canalha' que vive pregando mentira e deturpando falas".
A indignação do presidente se deu porque, de acordo com ele, há uma grande quantidade "de pessoas que estão trabalhando (no Estado), não só das Forças Armadas, das Polícias Militar, Civil e Federal, da Força Nacional, não apenas as pessoas que ganham salário para trabalhar, mas também voluntários". "O que mais me apaixona é a quantidade de gente no Brasil inteiro preocupada em ajudar o Rio Grande do Sul", completou Lula.
As informações falsas que circulam sobre a tragédia climática no Estado gaúcho, como um vídeo que atribui o resgate de vítimas apenas ao governo de São Paulo, na opinião do petista apenas atrapalham e "não ajudam" a melhorar a situação. "Um país não pode ir para frente desse jeito", afirmou o presidente.
Citando a destinação de emendas parlamentares para auxiliar as vítimas do desastre, Lula disse que apesar de ter muita gente querendo ajudar o Estado, que já registra 85 mortes em decorrência da tragédia, "é preciso tomar cuidado porque tem gente que não quer ajudar, que está apostando na desgraça e quer que não dê certo".
Ao ser questionado sobre o clima de união no País, incentivado pela busca de auxílio às vítimas gaúchas, o presidente respondeu que sente que o clima melhorou "e tende a melhorar mais" porque as pessoas estão vendo "que o governo está trabalhando". Ele ainda afirmou que a população vai "começar a deixar de lado as pessoas raivosas, mentirosas e que pregam o ódio".
Assim como alguns apoiadores do presidente, durante a entrevista, Lula citou as enchentes que ocorreram no sul da Bahia e em Minas Gerais em 2021, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) viajou de férias para o litoral paulista e para Santa Catarina e disse que esperava "não ter que retornar antes" do previsto por causa da situação.
O chefe do Executivo disse que é importante relembrar o momento para que as pessoas não acreditem em informações falsas e vejam que o governo Lula está trabalhando para lidar com as chuvas no Sul do País que, segundo um prognóstico realizado nesta segunda-feira, 6, deve persistir por ao menos mais 10 dias na Grande Porto Alegre.
Nesta quarta-feira, 8, o Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) "Atlântico", o maior navio de guerra da América Latina, será enviado ao Estado pela Marinha do Brasil para apoiar a população que sofre com escassez de água, combustível, mantimentos e profissionais da saúde. O objetivo é que, com a chegada da embarcação e de demais navios, as equipes de resgate recebam reforços para continuar com o trabalho de salvamento de moradores ilhados.
De acordo com o último balanço da Defesa Civil, divulgado nesta segunda-feira, 6, quase 154 mil pessoas estão desalojadas e mais de 47 mil estão em abrigos públicos. Os desaparecidos somam 134 e, ao todo, mais de 1 milhão de pessoas já foram afetadas pelas chuvas.