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Política

Lula diz que não haverá acordo com Bolsonaro sobre direitos de resposta

Ex-presidente avalia que decisão judicial que lhe concedera mais de 180 direitos de resposta na campanha do adversário era chance de 'rebater mentiras'; sem consenso entre candidaturas, TSE vai discutir o caso em seu plenário virtual

21 out 2022 - 18h04
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JUIZ DE FORA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência, afirmou na tarde desta sexta-feira, 21, que não aceitará acordo para desistir dos direitos de resposta que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lhe concedeu contra o presidente Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição pelo PL. Segundo ele, a decisão judicial é a possibilidade de "rebater as mentiras do adversário" em inserções na propaganda de rádio e na TV na campanha eleitoral. O segundo turno foi fortemente marcado por ataques entre as duas candidaturas, inclusive com acusações pessoais.

"Não tem acordo. Se nós ganhamos, ele que utilize os 14 (direitos de resposta) dele e a gente os nossos 184?, afirmou Lula.

De acordo com a ministra Maria Claudia Bucchianeri, que concedera os direitos de resposta, Bolsonaro veiculou fatos sobre o ex-presidente "sabidamente inverídicos por descontextualização". A própria ministra, porém, suspendeu a validade de sua decisão. O objetivo é que todos os ministros do TSE se pronunciem sobre o caso. O presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes, levará o processo ao plenário virtual, para deliberação.

Lula não aceita acordo sobre direitos de resposta
Lula não aceita acordo sobre direitos de resposta
Foto: Pedro Kirilos/Estadão / Estadão

A Corte marcou o julgamento depois que uma reunião entre Moraes e os advogados do petista e do presidente terminou em um impasse O encontro buscava um consenso sobre os direitos de resposta concedidos às duas candidaturas nas inserções de TV.

Volta à economia

Em sua visita a Juiz de Fora, Lula evitou falar sobre pautas de costumes - com temas usados por Bolsonaro para atingi-lo, como aborto e drogas. Também não citou as pressões que eleitores evangélicos e de outras crenças estão, segundo denúncias, sofrendo na campanha eleitoral. O presidenciável voltou a falar de economia. Dirigiu suas críticas a medidas econômicas do governo federal.

Durante entrevista, o petista afirmou que, caso o aumento do salário mínimo seja desvinculado do índice de inflação, não haverá aumento real.

"Vocês viram o ministro da Economia (Paulo Guedes) dizer que o salário mínimo será desindexado, isso significa que o reajuste do salário mínimo não terá mais aumento real", disse. "Estejam preparados, 22 milhões de aposentados, 32 milhões de pessoas que recebem salário mínimo, não terão aumento acima da inflação."

Guedes confirmou nesta quinta-feira, 20, que o governo estuda desvincular o reajuste do salário mínimo e de aposentadorias do índice de inflação do ano anterior. Mas negou que o objetivo seja impedir o ganho real dos trabalhadores e pensionistas.

Lula também atacou o governo por causa da inflação de alimentos.

"Não é por causa da guerra na Ucrânia que o alimento está caro. O alimento está caro porque o presidente não entende de Economia e porque o Guedes não tem interesse. Ele poderia ter reduzido o preço da gasolina sem prejudicar os governadores. Esse dinheiro que ele tirou dos Estados vai fazer falta para a educação e saúde em 2023?, afirmou.

Lula disse ainda que, depois que falou na alta dos combustíveis, Bolsonaro reduziu o seu preço. O presidenciável do PT voltou a dizer que pretende isentar quem ganha até 5 mil reais do pagamento de imposto de renda.

"Comecei a falar mal do preço dos combustíveis, ele (Bolsonaro) reduziu os preços. Nos meus oito anos de mandato, nunca aumentei o gás de cozinha. As pessoas estão se endividando para ter o que comer. Não vamos cobrar imposto para quem ganha até 5 mil reais. Ele não fez o reajuste do Imposto de Renda nós quatro anos que foi presidente", disse.

Estadão
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