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Política

Lula fala em 'fascistas' de São Paulo e chama ACM Neto de 'grampinho' em evento na Bahia

Presidente se queixou de 'desconvite' da Agrishow a Carlos Fávaro e usou expressão pejorativa para se referir a ex-prefeito de Salvador

11 mai 2023 - 21h55
(atualizado em 12/5/2023 às 02h06)
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira, 11, que participará de uma feira do agronegócio da Bahia para "fazer inveja" a "alguns fascistas" de São Paulo, além de se referir a ACM Neto (União Brasil) como "grampinho". As declarações foram feitas durante uma agenda oficial, no lançamento das plenárias estaduais do Plano Plurianual Participativo, em Salvador.

"Eu quero dizer que venho aqui nessa feira só para fazer inveja aos 'mau-caráter' de São Paulo, que não deixaram meu ministro (da Agricultura, Carlos Fávaro) participar (da Agrishow)", disse Lula. O presidente se referia à feira de Ribeirão Preto (SP), em que o ministro afirmou ter sido "desconvidado" após a organização sugerir que ele fosse somente no dia seguinte à ida de Jair Bolsonaro.

"Tem a famosa feira lá em Ribeirão Preto que alguns fascistas, alguns negacionistas, não quiseram que ele fosse na feira, desconvidaram meu ministro", afirmou Lula. O presidente participará da Bahia Farm Show, entre os dias 6 e 10 de junho, em Luís Eduardo Magalhães (BA).

No mesmo evento, o presidente também usou uma expressão pejorativa para se referir a ACM Neto. O petista citou o adversário político para elogiar o desempenho eleitoral do atual governador Jerônimo Rodrigues (PT), que derrotou o ex-prefeito da capital baiana na corrida pelo Palácio da Ondina no ano passado.

ACM Neto é secretário-geral do União Brasil. A legenda hoje comanda três ministérios (Comunicações, Turismo e Integração e Desenvolvimento Regional), mas tem contrariado em votações os interesses do Palácio do Planalto. Resultante da fusão de DEM e PSL, a legenda se diz independente, mas briga por mais cargos no governo Lula. Daniela Carneiro (Turismo) pediu desfiliação da sigla, em uma frente de crise na bancada da Câmara, e Juscelino Filho (Comunicações) usou verba do orçamento do secreto para asfaltar estrada que passam propriedades de sua família.

Grampinho é uma alcunha dada por adversários a ACM Neto em razão de um escândalo de escutas telefônicas revelado nos anos 2000, protagonizado pelo avô Antonio Carlos Magalhães para grampear colegas no Senado. Na ocasião, ACM Neto era deputado federal e opositor de Lula em seu primeiro mandato. Grampinho é ainda apelido pejorativo dado a pessoas de baixa estatura.

A referência foi feita por Lula no final do evento. O presidente estava discursando sobre o processo de escolha da candidatura de Rodrigues. Lula relatou os diálogos que teria empreendido com o senador Jaques Wagner (PT-BA), militante histórico da sigla. "Wagner, vai estar difícil, a gente vai perder. Vamos ver se tem outro nome aí. O cara vai ganhar. Eu vim para cá, Jerônimo (tinha) 3%. O 'grampinho', quase 80%", disse o presidente. Seu discurso foi interrompido pelos risos da plateia.

ACM Neto foi candidato ao governo da Bahia, mas perdeu as eleições para Jerônimo Rodrigues, candidato do PT
ACM Neto foi candidato ao governo da Bahia, mas perdeu as eleições para Jerônimo Rodrigues, candidato do PT
Foto: Fabio Pozzebom/Agência Brasil / Estadão

Ele continuou comentando a vitória de Rodrigues. "O homem que estava com 3% ganhou do outro, que estava com 65% dos votos. E eu devo à Bahia muita gratidão. Não só por isso, mas porque em todas as eleições da Bahia eu ganhei no 1º turno." Neste momento, Lula foi novamente interrompido pela plateia, que entoou um dos seus bordões de campanha.

Durante o discurso, o presidente também disse que não venderá mais ações da Petrobras e que o Correios não será privatizado. "Não vamos vender mais nada da Petrobras, os Correios não será vendido, vamos tentar fazer com que a Petrobras possa ter a gasolina e óleo diesel mais baratos."

A venda da Eletrobras foi alvo de críticas do presidente. "Hoje, não temos estatal e ainda estamos devendo muito", disse Lula. O presidente avaliou na plenária que a privatização da empresa foi apenas para "pagar juros". No último dia 5, o governo ingressou com um pedido no Supremo Tribunal Federal pedindo a ampliação do poder de voto que a União tem na empresa. Caso a ação seja julgada procedente, Lula poderá fazer mais indicações ao Conselho de Administração da Eletrobras.

Estadão
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