Lula minimiza ditadura na Nicarágua em comparação com Merkel
"Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Qual é a lógica?", questionou o líder petista
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em entrevista ao jornal espanhol El País divulgada em seu perfil nas redes sociais, comparou a permanência no poder do latino-americano Daniel Ortega, que está em seu quinto mandato e instalou uma ditadura na Nicarágua, com a da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, que completou 16 anos à frente do país europeu.
"Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Qual é a lógica?", questionou.
No início de novembro, Ortega venceu eleições consideradas ilegítimas pela Organização dos Estados Americanos (OEA). O mandatário, no poder desde 2007, mandou prender sete de seus opositores antes que a população fosse às urnas, eliminando candidatos que pudessem ameaçar sua vitória.
Entrevista de Lula ao El País da Espanha https://t.co/GKEnfGGpsK
— Lula (@LulaOficial) November 22, 2021
Questionado por uma jornalista sobre o fato de Ortega mandar opositores para a prisão, Lula afirmou que "não pode julgar o que acontece em outros países" e conduziu o assunto para sua própria prisão. Segundo o ex-presidente, sua condenação teve o intuito de facilitar o caminho do presidente Jair Bolsonaro ao Planalto. "No Brasil, fiquei 580 dias na cadeia para que o Bolsonaro fosse eleito. Eu não sei o que as pessoas fizeram para ser (sic) presas. Eu sei que eu não fiz nada", afirmou.
Em seguida, o petista disse que não conhece detalhes das prisões citadas e afirmou: "Se o Daniel Ortega prendeu a oposição para não disputar a eleição como fizeram no Brasil contra mim, ele está totalmente errado. Na mesma resposta, Lula ainda disse ser a favor da alternância de poder e se contradisse.
"Todo político que começa a se achar imprescindível ou insubstituível começa a virar um pequeno ditador." E completou: "Por isso, sou favorável à alternância de poder. Eu posso ser contra, mas eu não posso ficar interferindo nas decisões de um povo. Nós temos que defender a autodeterminação dos povos."