Lula não cumpre promessa e continua citando Bolsonaro publicamente: 'Aquela coisa', 'sem vergonha na cara', 'gente ruim'
No início de novembro, presidente disse que passaria quatro anos sem falar sobre ex-mandatário
Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha declarado em diversas ocasiões que não falaria mais de Jair Bolsonaro (PL), o petista continua mencionando e criticando o governo de seu antecessor em eventos públicos, conforme mostrou o levantamento feito pela Folha de S.Paulo.
Na sexta-feira, 15, durante a inauguração de um contorno rodoviário na BR-101 no Espírito Santo, Lula intensificou as críticas e referiu-se ao ex-presidente como "facínora", "aquela coisa", ao mesmo tempo em que o acusou de "usar a fé dos evangélicos".
Anteriormente, em 22 de novembro, Lula classificou Bolsonaro como "gente ruim" por liderar um governo que "gostava de brigar".
"Tivemos recentemente um governo nesse País que tudo que ele gostava era brigar, porque tem gente ruim que não sabe fazer política sem ter inimigo. 'Eu preciso ter um inimigo para justificar as coisas que eu faço'. Pois o Lula não quer ter inimigos, quer ter amigos", afirmou o presidente, durante cerimônia do Minha Casa Minha Vida no Palácio do Planalto.
Um dia antes, também no Palácio do Planalto, Lula havia feito um discurso emotivo sobre a importância da educação e do cuidado com as pessoas. Na ocasião, disse que "o País voltou a ser governado por alguém que tem vergonha na cara e trata os diferentes como iguais".
Lula utilizou a expressão "furacão do mal" em ambas as falas ao se referir a Bolsonaro, embora não o mencionasse diretamente pelo nome.
As declarações surgiram 2 semanas após Lula afirmar que não comentaria mais sobre o governo de seu adversário, uma promessa que ele já reiterou algumas vezes ao longo deste ano.
"De mim, vocês vão perceber que eu vou terminar quatro anos sem falar uma vírgula do outro governo, porque, para mim, ele não existiu", afirmou o chefe do Executivo em cerimônia de sanção da duplicação de um trecho da rodovia BR-423 em Pernambuco, em 8 de novembro.
Em outubro, durante live semanal, o presidente afirmou que o governo anterior utilizou a máquina pública para evitar uma derrota eleitoral e que Bolsonaro "entrou em parafuso" ao não ser reeleito.
"Acho que nunca se mentiu tanto porque o nosso adversário contava mentiras por segundo. A quantidade de utilização da máquina pública para tentar evitar perder as eleições foi de tamanha magnitude que, quando ele perdeu, ele entrou em parafuso", disse Lula no final de outubro, durante o Conversa com o Presidente.
"Ele se trancou dentro de casa, ficou chorando, lamentava. Tem gente que diz que tem dia que ele falava, tem dia que ele não falava. E, na verdade, ele estava preparando um golpe que era para ser no dia da minha diplomação", completou.