Lula pede a ministros que não subam em palanques de candidatos bolsonaristas nas eleições de 2024
Presidente admite que base aliada do governo vai se dividir nas disputas municipais, mas afirma que auxiliares não podem constranger o Planalto
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu aos ministros, nesta quarta-feira, 20, que não subam em palanques de candidatos bolsonaristas nas eleições municipais de 2024. Na última reunião ministerial do ano, Lula admitiu ser difícil manter, nas disputas pelas prefeituras, a aliança de partidos que o elegeu, mas cobrou atenção dos auxiliares para evitar constrangimentos ao governo.
"Não esqueçam que vocês são ministros", afirmou o presidente, no Palácio do Planalto. Lula ficou contrariado ao saber que deputados do PP, União Brasil, MDB e Republicanos - partidos que comandam ministérios em sua gestão - estavam no lançamento da pré-candidatura de Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio, no mês passado. Ramagem foi diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo do então presidente Jair Bolsonaro.
Como mostrou o Estadão, Lula disse aos ministros, ainda, que é importante divulgar as "entregas" do governo em cada cidade visitada e os investimentos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na avaliação do presidente, não é raro prefeitos e governadores capitalizarem os dividendos de obras federais.
O Planalto tenta contornar a tesourada nos recursos do PAC, proposta pelo Centrão com o objetivo de aumentar para R$ 53 bilhões o valor das emendas parlamentares no ano eleitoral de 2024.
O Congresso vai votar a projeto de Orçamento de 2024 nesta quinta-feira, 21. Durante a reunião ministerial, que durou quase cinco horas, Lula prometeu garantir os recursos necessários para ampliar obras do governo e levar o PAC adiante, sem fazer "pirotecnia" nem dar "cavalo de pau". Muitos ali entenderam que, em março de 2024, a meta de déficit zero deverá ser revista.
'Quem errar terá de assumir os seus erros'
Lula disse aos ministros que cobrará ainda mais resultados em 2024 e avisou que "quem errar terá de assumir os seus erros". Fez questão de destacar que todos são responsáveis por suas equipes de trabalho e, se precisarem substituir funcionários, têm autonomia para fazê-lo.
Não faltaram elogios aos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Justiça, Flávio Dino, que está de saída do cargo para assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente também afirmou que Dino - chamado por ele de "comunista do bem" - ficará na Esplanada até 8 de janeiro, quando haverá um ato político para marcar o primeiro ano da tentativa de golpe no País.
Ao fazer o balanço do primeiro ano de governo, Lula considerou os resultados positivos, com juros em queda e previsão de crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), citando a aprovação da reforma tributária e do arcabouço fiscal pelo Congresso. Observou, porém, que será preciso trabalhar mais em 2024 porque o Brasil não pode ficar "subindo e descendo" no ranking dos indicadores econômicos.