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Política

Lula pede no G-7 nova mentalidade contra guerra, evita citar Rússia e cutuca FMI

Fala se deu no primeiro discurso do Presidente na cúpula que acontece neste sábado, 20

20 mai 2023 - 07h33
(atualizado às 07h46)
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Na sessão "Trabalhando Juntos para Enfrentar Múltiplas Crises", em que se sentou entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, Lula lembrou sua participação no G-7 de 2009.
Na sessão "Trabalhando Juntos para Enfrentar Múltiplas Crises", em que se sentou entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, Lula lembrou sua participação no G-7 de 2009.
Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou fazer qualquer menção à Rússia em seu primeiro discurso oficial na cúpula do G-7. Para o enfrentamento das crises mundiais, incluindo a guerra na Ucrânia, o petista defendeu ser preciso derrubar mitos, mudar mentalidades e abandonar "paradigmas que ruíram".

Citando diretamente a Argentina, Lula ainda pediu que o Fundo Monetário Internacional (FMI) considere as consequências de suas ações.

Em contraste com os países-membros do G-7, notadamente contrária à Rússia, Lula se limitou a falar em "uma guerra no coração da Europa". A fala se deu minutos após o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, pousar em Hiroshima para participar do G-7.

Zelenski solicitou uma reunião bilateral com o presidente brasileiro, que diz adotar uma postura de neutralidade na guerra, mas ainda não recebeu qualquer retorno.

"O mundo hoje vive a sobreposição de múltiplas crises: pandemia da covid-19, mudança do clima, tensões geopolíticas, uma guerra no coração da Europa, pressões sobre a segurança alimentar e energética e ameaças à democracia. Para enfrentar essas ameaças é preciso que haja mudança de mentalidade. É preciso derrubar mitos e abandonar paradigmas que ruíram", declarou o presidente.

Na sessão "Trabalhando Juntos para Enfrentar Múltiplas Crises", em que se sentou entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, Lula lembrou sua participação no G-7 de 2009, após a crise financeira global, que levou posteriormente à criação do G-20.

"A consolidação do G-20 como principal espaço para a concertação econômica internacional foi um avanço inegável. Ele será ainda mais efetivo com uma composição que dialogue com as demandas e interesses de todas as regiões do mundo", declarou o petista.

A coluna "Direto do G7?, do Broadcast, antecipou nesta semana que Lula faria uma defesa do G-20 ao longo do G-7, já que o Brasil vai assumir a presidência do bloco ampliado em 2024. "Não tenhamos ilusões. Nenhum país poderá enfrentar isoladamente as ameaças sistêmicas da atualidade. A solução não está na formação de blocos antagônicos ou respostas que contemplem apenas um número pequeno de países", argumentou.

Durante o discurso, Lula decidiu também criticar o neoliberalismo e a "fragilidade" de seus dogmas. "O endividamento externo de muitos países, que vitimou o Brasil no passado e hoje assola a Argentina, é causa de desigualdade gritante e crescente, e requer do Fundo Monetário Internacional um tratamento que considere as consequências sociais das políticas de ajuste", cutucou o presidente horas antes de se encontrar com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, a quem vai pedir socorro à Argentina.

A defesa do meio-ambiente e o combate à desigualdade social foram bandeiras levantadas por Lula no encontro multilateral. "Essa tarefa só é possível com um Estado indutor de políticas públicas voltadas para a garantia de direitos fundamentais e do bem-estar coletivo", defendeu Lula, para quem a dicotomia entre meio-ambiente e desenvolvimento já deveria estar superada.

O próprio governo, no entanto, vice hoje essa tensão, com os ministros Marina Silva (Meio Ambiente) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) em uma disputa interna sobre explorar petróleo na Amazônia.

Lula ainda voltou a defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com a inclusão de novos membros permanentes, e o fortalecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Estadão
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