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Política

Lula recebe Lira antes da final da Copa para negociar PEC em semana decisiva

Presidente eleito busca votos necessários para aprovar proposta na Câmara, que deve ser apreciada na terça-feira. Nos bastidores, Centrão condiciona votos a cargos na Esplanada dos Ministérios

18 dez 2022 - 13h32
(atualizado às 14h49)
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Lula e Arthur Lira no dia 9 de novembro
Lula e Arthur Lira no dia 9 de novembro
Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), neste domingo, 18, para negociar a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição.

O encontro, por volta das 10h, ocorreu no hotel onde Lula está hospedado, em Brasília, e durou quase duas horas, antes da final da Copa do Mundo entre Argentina e França.

A reunião, terceira audiência entre Lula e Lira, aconteceria na última sexta-feira, 16, mas foi adiada porque o presidente eleito ainda fechava o desenho da Esplanada dos Ministérios. Na sexta, o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que o governo Lula 3 terá 37 pastas.

É uma semana decisiva para o presidente eleito e para o Congresso, pois, além da PEC, prevista para ser apreciada na Câmara na terça-feira, estão previstas a votação do Orçamento de 2023, na quarta-feira, e a conclusão do julgamento do orçamento secreto no Supremo Tribunal Federal (STF), na segunda-feira, 19.

A PEC tem sido alvo de um impasse entre Lula e Lira, embora os dois tenham interesse na aprovação da proposta. Lula, para aumentar as despesas do ano que vem e cumprir promessas de campanha. Lira, para destravar as verbas do orçamento secreto deste ano e ter poder de barganha nos recursos que serão liberados com a PEC no próximo ano.

A queda de braço se dá porque partidos do Centrão calculam não ter ainda os 308 votos necessários para a aprovação da proposta. Nos bastidores, muitos têm condicionado a votação à distribuição de cargos estratégicos na Esplanada.

Lira, por exemplo, tenta emplacar o deputado Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil, no Ministério de Minas e Energia. Relator da PEC da Transição, Elmar foi chamado neste sábado para uma conversa com Lula. Há cobranças do Centrão por pastas com visibilidade e recursos, como Cidades e Transportes, que serão recriadas, além de Saúde. Lula, porém, não aceita entregar Saúde, que ficará com a socióloga Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz.

A reunião entre Lula e Lira não terminou com nenhum anúncio oficial, mas integrantes da equipe de transição esperam um acordo, que passará pelos líderes da Câmara, mesmo que seja para a aprovação de uma proposta desidratada em relação à que passou no Senado, que permite gastos extras de R$ 168 bilhões, fora outras exceções ao teto de gastos - totalizando um impacto fiscal de 193,7 bilhões, segundo cálculos do Tesouro Nacional.

O julgamento do orçamento secreto no STF interrompeu as negociações e deixou as definições para esta semana, a última antes do recesso legislativo, que começa oficialmente na sexta-feira, 23.

Estadão
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