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Política

Lula sobre a espionagem americana: 'qual foi o delito que Dilma cometeu?'

11 set 2013 - 13h57
(atualizado às 14h05)
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<p>O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de abertura do 19º Foro de São Paulo, na capital paulista</p>
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de abertura do 19º Foro de São Paulo, na capital paulista
Foto: Gabriela Biló / Futura Press

O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou no início da tarde desta quarta-feira, em São Paulo, que é preciso criar um sistema de governança global para que decisões importantes não fiquem concentradas apenas na mão de alguns países, como os Estados Unidos.

O ex-presidente disse não ser razoável que o governo americano interceda na soberania dos países, inclusive na do Brasil. As críticas ocorrem após a divulgação de denúncias de espionagem contra a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

"Nós precisamos levar a sério a questão da democracia. Pode, por acaso, o senhor Obama e seu esquema de inteligência ficar bisbilhotando a conversa da nossa presidenta? Em nome de que democracia? Daqui a pouco ele vai ter de pedir desculpas aos espiões que foram mortos. Tinham passaporte, compravam passagem de avião, tinham o risco de serem presos. Agora o cidadão senta em uma salinha em qualquer lugar de Nova York e fica sabendo o que você está fazendo. E cadê a democracia? Cadê a decisão judicial que permite ouvir. Qual foi o delito que a Dilma cometeu?", disse ele.

Lula se disse ainda assustado com o discurso de negação da democracia, especialmente no Brasil. "Assusta-me profundamente algumas pessoas querendo negar a democracia, os partidos políticos, as entidades. Não é possível ter democracia se negarmos a existência dos partidos políticos", afirmou. O presidente complementou: "O povo vai para a rua e é ótimo. Todas as faixas que estão aí a Dilma já carregou", disse Lula, lembrando o passado da presidente na luta pela democracia.

Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Fonte: Terra
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