Lula sugere tolerância zero a 'erros' e defende aliança com políticos: 'É o Congresso que nos ajuda'
Durante primeira reunião ministerial, Lula também afirmou que o governo terá muito trabalho pela frente e pregou o respeito à Constituição
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse aos seus 37 ministros nesta sexta-feira, 6, que terá tolerância zero com erros ao longo de seu mandato. O alerta ocorre em meio às informações sobre a relação entre a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, com a milícia do Rio de Janeiro.
"Todo mundo sabe que nossa obrigação é fazer as coisas da melhor forma possível. Quem fizer errado, a pessoa será convidada a deixar o governo. E se cometeu algo grave, a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça", disse Lula.
Apesar do recado, o petista disse em seguida que espera ter uma "ótima" relação com os auxiliares, e prometeu tratá-los como "família". O pedido do presidente, inclusive, foi que passasse a ser visto como um "irmão mais velho".
"Tratarei vocês com muito respeito e educação, exigindo muito trabalho de cada um", acrescentou.
Aliança com o Congresso
Durante o encontro, que aconteceu durante a manhã, no Palácio do Planalto, o petista destacou a importância dos acordos políticos para a sua gestão, os quais, inclusive, responsáveis pela indicação dos seus auxiliares nos ministérios. Lula deu atenção especial à relação com o Congresso Nacional.
Para ele, todos os ministros e ministras devem sempre estar abertos a receber deputados e senadores.
"Cada ministro tem que ter a paciência e a grandeza de atender bem cada deputado e deputada, senador ou senadora. Senão, quando a gente vai pedir um voto, eles vão dizer: 'Não, pois fui no ministério e nem me receberam'", exemplificou. "Eu não quero isso. Nós temos que saber que nós é que temos que manter uma boa relação com o Congresso Nacional. [...] Não é o Lira que precisa de mim, é o governo que precisa da boa vontade do presidente da Câmara".
Governo com divergências
Lula afirmou que não tem interesse em formar um governo apenas com pessoas que pensam da mesma forma. Segundo ele, essa composição diversificada é essencial para "reconstrução do País".
"Nós não somos um governo de pensamento único. Somos um governo de pessoas diferentes. E mesmo pensando diferente, temos que fazer um esforço para que no processo de reconstrução do País a gente pense igual", destacou.
Obras paralisadas
O presidente afirmou que a educação é um dos principais pilares para o desenvolvimento do País e que seu objetivo é melhorar, principalmente, a qualidade da educação básica e fundamental. Ele também afirmou que o país tem cerca de 4 mil obras paralisadas na área e convocou o ministro Camilo Santana a priorizar o andamento dessas obras.
"Na semana que vem já quero ter uma reunião com você [Camilo], para discutir o que vamos visitar de reformas em escola. Vamos colocar a mão na massa para que a gente possa produzir e reconstruir, melhorando a educação, gerando emprego e pagando salários que o povo brasileiro precisa ganhar. O Brasil precisa exportar conhecimento; deixar de ser um país em desenvolvimento e ser um país desenvolvido", afirmou.
Saúde
Em outro aspecto destacado no discurso, Lula falou em melhorias que levem à diminuição da fila por atendimento especializado no Sistema Único de Saúde (SUS).
"Chegamos a avançar, chegamos com o Farmácia Popular, o Mais Médicos, que simplesmente foi destruído. Muitas pessoas morrem sem serem atendidas pelo tal do especialista por não ter vaga. Se nós não resolvermos esse problema, nós não estamos fazendo jus às expectativas que o povo depositou em nós", disse.
Revolução cultural
O presidente ainda mandou um recado à ministra da Cultura, Margareth Menezes, para a realização de uma "revolução cultural" no Brasil. Para Lula, a cultura é muito importante para o desenvolvimento da população em situação de vulnerabilidade social.
"Margareth, se prepare. Vamos ter que fazer revolução cultural nesse país. O povo precisa de cultura, porque parte da violência existe pela ausência do Estado no cumprimento das obrigações. 'Tá' faltando saúde, educação, lazer, esporte, quase tudo", listou.