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Política

Maia e Lira batem boca em reunião: "Não bata na mesa"

'Eu sou presidente da Câmara hoje. Eu decido. Amanhã você pode decidir', disse o atual presidente da Câmara no meio da discussão

1 fev 2021 - 17h20
(atualizado às 18h32)
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A eleição da Câmara dos Deputados se transformou num bate-boca, com troca de acusações entre Arthur Lira (PP-AL), candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tenta fazer de Baleia Rossi (MDB-SP) o seu sucessor.

Foto: Dida Sampaio / Estadão

Tudo começou quando o PT alegou problemas técnicos para registrar apoio a Baleia no sistema da Câmara e, por isso, teria perdido o prazo, que se encerrava às 12h. Diante das dificuldades, Maia convocou reunião de líderes para permitir o registro do bloco.

A decisão final sobre reconhecer o registro do bloco cabia apenas a Maia, como presidente da Casa. A reunião já começou tensa, com Maia e Lira gritando um com o outro. Lira disse ter consultado o diretor técnico da Casa, que teria informado não haver problema nenhum no sistema e que todos os outros partidos conseguiram fazer o registro no prazo - Rede, PV, PCdoB, Cidadania, PDT, MDB, PSDB, Solidariedade e PSB.

"É só uma questão de coerência temporal. Todos cumpriram o prazo, menos o PT", disse Lira, segundo parlamentares presentes à reunião. Diante dos protestos de Lira, Maia respondeu: "Eu sou presidente da Câmara hoje. Eu decido. Amanhã você pode decidir".

Irritado, Lira bateu a mão na mesa. "Vossa Excelência está atropelando", disse ele. Maia cobrou respeito: "Você não está em Alagoas, não bata na mesa". Lira, por sua vez, manteve o tom: "E você não está no morro do Rio de Janeiro".

A líder do PCdoB na Casa, Perpétua Almeida (AC), disse que ao não reconhecer o bloco de Baleia era uma tentativa de Lira de levar todos os cargos do comando da Casa no "tapetão". "Todo mundo sabe quais são os blocos", disse a deputada.

A formação dos blocos é importante porque é com base no tamanho de cada um que é definida a distribuição dos demais cargos na Mesa Diretora, o que inclui duas vice-presidências, quatro secretarias e vagas de suplência.

Apoiadora de Lira, a deputada Soraya Santos (PSL-RJ) citou um relatório interno da Casa e afirmou que o bloco de Baleia somente tentou fazer o registro às 13h10. "Ninguém quer tirar cargo da mesa no tapetão, mas a lei não atende aos que dormem", afirmou.

Maia, porém, não recuou e disse que a decisão de manter o PT no bloco de Baleia já estava tomada. "Não vou mudar, nenhum debate vai mudar. Não há recurso", afirmou Maia. Em seguida, ele começou a distribuir os cargos da Mesa Diretora de acordo com os blocos. Como são os maiores partidos da Casa, Maia disse que a primeira escolha caberia ao PSL, e a segunda, ao PT.

Lira continuou os protestos. "Se você quiser fazer a eleição em outro dia é só dizer, porque assim não vai ter eleição", afirmou. Maia disse então que Lira havia prometido "o que não tinha para entregar", em referência aos cargos da Mesa, que não ficariam mais apenas com o bloco de Lira. Lira respondeu: "Não sou você, não".

Foi quando os líderes pró-Lira decidiram deixar a reunião, em protesto. "Ninguém vai ficar nessa bagunça", disse o líder do PL, Wellington Roberto (PB), acompanhado de Marcos Pereira (Republicanos-SP). Lira reagiu: "Você é o valentão, o dono do Brasil", afirmou a Maia.

O líder do PSL, Felipe Francischini (PR), levantou a possibilidade de a eleição na Câmara terminar na Justiça. Mas passados alguns minutos, Lira e os líderes que o apoiam decidiram voltar para a reunião. "Não vamos complicar uma eleição já ganha", disse Lira. "O que aconteceu hoje mostra que todos precisam ter voz."

Ao fim da discussão, o bloco de Baleia Rossi conseguiu fazer o registro com dez partidos, incluindo PT, que alegou problemas técnicos, além do PSDB e do Solidariedade, que cogitaram ficar neutros na disputa.

Estadão
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