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Política

Maioria do MDB optou pela neutralidade no segundo turno, diz Jucá

11 out 2018 - 14h06
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O presidente do MDB, senador Romero Jucá, anunciou nesta quinta-feira, 11, que a maioria do partido optou pela neutralidade no segundo turno das eleições presidenciais, disputada entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL). Após conversar com toda a Executiva da legenda e com o presidente Michel Temer, Jucá disse que o partido vai ficar "independente" e liberar seus integrantes a votarem com "a consciência" ou de acordo com a "conjuntura estadual".

"Conversei com a maioria da Executiva, do partido, a bancada federal da Câmara também foi consultada, e nós estamos tomando uma posição de neutralidade. Não vamos apoiar nenhum dos dois candidatos e estamos liberando os membros do MDB para votarem de acordo com a sua consciência e a sua conjuntura estadual", disse ele, em entrevista coletiva no seu gabinete. "Eu conversei com o presidente Michel Temer, e o presidente concordou com a decisão da maioria do MDB. É uma decisão do partido que foi conversada com o presidente Temer e ele aprovou como membro do partido."

Questionado se o MDB será oposição ao próximo governo, independentemente de quem for eleito, Jucá disse que "não" porque isso seria "ficar contra o Brasil", mas admitiu que a legenda sempre esteve "atrelada" a todos os governos anteriores e vai viver "um momento novo".

"Não, (o partido não será oposição). O partido será independente, o partido vai discutir cada matéria, o partido vai se posicionar a cada matéria, vamos discutir com as bancadas. Ser oposição é ficar contra o Brasil. No que for bom, nós vamos votar a favor. O que for contra o Brasil, nós vamos denunciar, vamos colocar o que a gente pensa. Vamos fazer política com liberdade. O MDB sempre esteve atrelado a outros governos, não tinha condição de fazer (política com liberdade), portanto, nós vamos viver um momento novo no partido e espero que seja um momento bastante auspicioso", disse ele.

Jucá também foi perguntado se ele, pessoalmente, já tinha decidido seu voto, mas afirmou que ainda não tomou essa decisão. Depois, disse estar "preocupado com o Brasil" porque a tendência é que o País saia do período eleitoral "dividido". Jucá fez questão de dizer que essa divisão na sociedade brasileira "não é programática", mas, sim, de "conflito". Na opinião dele, a violência não é uma boa conselheira para se governar.

"Eu estou muito preocupado com o País, com o Congresso, porque não podemos sair (da eleição) com o Brasil dividido - e a tendência é que isso aconteça, espero estar errado. E (estamos) divididos de uma forma ruim. Não é dividido programaticamente, é dividido no confronto, no conflito, na agressão, na violência, que não são bons conselheiros para se governar. Tudo isso é muito perigoso. O Congresso também estará dividido, tanto que o PT terá a maior bancada da Câmara e o PSL, do Bolsonaro, a segunda maior", argumentou ele.

Para Jucá, se não houver "cabeça fria" e "responsabilidade", essa divisão pode criar uma situação de "muita dificuldade" no Congresso. Ele evitou falar, no entanto, em "paralisia" do Parlamento. "Se não tiver muita cabeça fria, experiência, responsabilidade, podemos ter aí uma situação de dificuldade, tanto na Câmara quanto no Senado. Não sei se é paralisia (do Congresso), mas a gente espera que, acabada a eleição, todo mundo desça do palanque e prevaleça o bom senso. Prevaleça a responsabilidade com o País", disse.

Erros

Jucá reconheceu que a política de se constituir base governista a partir de loteamento de cargos nos ministérios "não deu certo", "faliu", tanto na gestão Temer quanto no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Apesar de ter sido líder do governo por quase toda a gestão emedebista, o senador disse que não concorda com a distribuição de cargos. "Essa prática de construir maioria com ministérios faliu. Não é o caminho para se discutir a questão do funcionamento do governo. Eu não defendo loteamento de ministérios. Eu acho que você tem que colocar pessoas preparadas, com condição, não discriminando políticos. Se tiver políticos competentes, que se coloque políticos. O que não deve existir é lotear ministérios e cada ministério indicar o seu ministro. Eu acho que isso não deu certo no governo da Dilma, não deu certo no governo do presidente Michel Temer. E, portanto, acho que o novo presidente já recebe uma missão, já recebe um exemplo negativo, para tentar construir com outra realidade", disse.

O senador emedebista também evitou fazer uma avaliação do governo Temer. "O governo Temer vai ser julgado pela história. O governo Temer sofreu um ataque do (Rodrigo) Janot. Ele (Temer) ficou refém, (Janot) conseguiu emparedar o governo, o que foi um desserviço para o Brasil. Mas a minha área eu cumpri bem. Eu conduzi aqui as votações todas para o governo, que foram aprovadas. Eu ajudei na política econômica, junto com o Henrique Meirelles, a gente sempre esteve discutindo. Essa parte está aí. O governo conseguiu, apesar das grandes dificuldades e dos ataques, tirar o Brasil da recessão. Nós estamos aí, uma realidade melhor econômica do que quando o presidente Temer assumiu. Agora vai caber aos outros presidentes, a quem ganhar a eleição, continuar e terminar de fazer o que precisa ser feito para recuperar o Brasil."

Estadão
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