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Política

Manifestação no dia 25 será o primeiro ato convocado por Bolsonaro depois do 8 de Janeiro

Jair Bolsonaro convocou manifestação na Avenida Paulista diante de investigações de tentativa de golpe de Estado; relembre os principais atos endossados pelo ex-presidente durante o governo

14 fev 2024 - 16h29
(atualizado às 18h51)
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O ato em apoio a Jair Bolsonaro (PL) no próximo dia 25 na Avenida Paulista, em São Paulo, será a primeira manifestação bolsonarista convocada pessoalmente pelo ex-presidente desde 8 de janeiro de 2023, quando seus apoiadores protagonizaram o ataque às sedes dos Três Poderes, em Brasília.

A convocação feita por Bolsonaro, por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais, surge diante do avanço de investigações da Polícia Federal (PF) sobre sua possível participação na articulação de um golpe de Estado. Foram impostas medidas restritas contra o ex-presidente na Operação Tempus Veritatis, que cumpriu mais de 30 mandados de busca e apreensão contra aliados dele na semana passada.

No vídeo, Bolsonaro argumenta que o ato será "pacífico" e pede que seus apoiadores evitem levar faixas "contra quem quer que seja". Em atos anteriores convocados pelo ex-presidente, era comum a exibição de faixas pedindo intervenção federal e atacando ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Durante os quatro anos de mandato, Bolsonaro endossou atos de apoio à gestão dele. Após o 8 de Janeiro, as manifestações em favor do ex-presidente escassearam. No ano passado, nos feriados de 7 de Setembro (Independência), 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida) e 15 de novembro (Proclamação da República) apoiadores do ex-presidente se mobilizaram. A adesão, porém, foi menor do que nos anos anteriores.

Em outubro do ano passado, em marcha contra o aborto em Belo Horizonte (MG), o próprio Bolsonaro afirmou que as participações seriam naturalmente menores depois das consequências do 8 de Janeiro. "Creio que a diminuição do número de pessoas vai pelo temor do que aconteceu no 8 de Janeiro. Agora, lá eram brasileiros patriotas que foram se manifestar, entraram em uma arapuca, numa armadilha patrocinada pela esquerda. E, hoje, muitos irmãos nossos estão sendo condenados por esses atos. Reprovo, sim, a dilapidação de patrimônio público, mas não justifica a pena", afirmou.

Esta para 25 de fevereiro é a primeira desde o 8 de Janeiro que Bolsonaro entra pessoal e abertamente na convocação.

Manifestações tiveram a digital de Bolsonaro

A primeira manifestação em nível nacional da base de Bolsonaro foi em maio de 2019, quando a principal pauta das passeatas já foi o relacionamento do então mandatário com os Poderes Judiciário e Legislativo.

Entre 2019 e 2022, a convocação de atos pró-governo não foi interrompida nem mesmo durante a pandemia de covid-19, quando vigoravam medidas para restringir a circulação de pessoas em locais públicos para evitar a contaminação pelo coronavírus. Foi o caso de um protesto em Brasília em abril de 2020. Na ocasião, o então chefe do Executivo marcou presença em ato no qual manifestantes empunhavam faixas e cartazes com motes antidemocráticos.

O episódio levou à abertura de um inquérito no Supremo para localizar os financiadores da manifestação. Foi uma das primeiras investigações da PF a ter como alvos aliados do ex-presidente. O material coletado com essa apuração deu origem a outro inquérito, o das milícias digitais, que tramita até hoje.

Durante a gestão Bolsonaro, a data preferida para a convocação de atos pró-governo foi 7 de Setembro, quando é celebrada a Independência do País. O protesto mais crítico nesta data foi o de 2021, quando Bolsonaro conclamou, de um carro alegórico na Avenida Paulista, que "não mais cumpriria" medidas judiciais do ministro do STF Alexandre de Moraes. A declaração provocou represália entre autoridades, sobretudo do próprio Supremo, e forçou o então presidente a recuar no discurso contra a Corte.

Relembre, a seguir, as principais manifestações pró-governo durante o mandato da Jair Bolsonaro.

Maio de 2019

Em 26 de maio de 2019, bolsonaristas foram às ruas para criticar os Poderes Legislativo e Judiciário. Quanto aos parlamentares, queixava-se a respeito do Centrão, o grupo de característica fisiológica do Congresso. Já o Judiciário era alvo do pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar magistrados, a "CPI da Lava Toga". Além disso, o ato pedia pela aprovação do pacote anticrime, iniciativa do então ministro da Justiça e hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR).

O então presidente não foi às ruas, mas reconheceu a legitimidade das pautas em uma publicação nas redes sociais. O seu partido à época, o PSL (hoje, fundido ao União Brasil), liberou seus filiados a aderirem ou não às manifestações.

Os atos não contaram com as adesões do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Vem Pra Rua, que haviam mobilizado apoio ao candidato do PSL na eleição de 2018. "Quando vão entender que demonizar o Congresso é péssimo pra aprovação da Previdência, principal pauta do governo?", criticou Kim Kataguiri (União Brasil-SP), líder do MBL.

Abril de 2020

No ano seguinte, Bolsonaro endossou enfaticamente protestos com motes antidemocráticos. Em frente ao QG do Exército em Brasília, o então presidente pediu pelo "fim da patifaria" diante de apoiadores que conclamavam por uma intervenção militar.

Em discurso a apoiadores no Dia da Independência em 2021, na mesma Avenida Paulista em que convoca a passeata para o próximo dia 25, Bolsonaro chamou Alexandre de Moraes de "canalha" e afirmou que "não mais cumpriria" decisões do ministro do STF.

"Não podemos admitir que uma pessoa, um homem apenas, turve a nossa democracia e ameace a nossa liberdade. Dizer a esse indivíduos que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda para arquivar seus inquéritos. Ou melhor, acabou o tempo dele. Sai, Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha", afirmou o presidente. "Dizer a vocês que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá", disse Bolsonaro.

O episódio levou a uma reação imediata do Supremo. O ministro Luiz Fux, então presidente do STF, abriu a sessão do dia seguinte com a leitura de uma nota de repúdio ao discurso do chefe do Executivo. Jair Bolsonaro teve a ajuda do ex-presidente Michel Temer (MDB) para a redação de uma réplica e, em 9 de setembro, foi divulgada a "Declaração à Nação", documento em que recuava nas investidas contra o Judiciário.

Estadão
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