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Política

Manifestantes pró-Bolsonaro bloqueiam ônibus e ameaçam estudantes da UFRJ na Via Dutra

Ativistas afirmaram que alunos da universidade pública são 'petistas' e ameaçaram queimá-los; depois de horas presos no veículos, jovens e seus professores foram a pé para hotel em Barra Mansa

1 nov 2022 - 08h26
(atualizado às 10h51)
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RIO - Estudantes do curso de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) relataram ao Estadão que foram ameaçados por um grupo bolsonarista que bloqueou a Rodovia Presidente Dutra na altura do km 276, em Barra Mansa, no sul do Estado do Rio, nesta segunda-feira, 31. Segundo o relato, por cursarem uma universidade pública os alunos foram identificados como petistas e passaram a ser hostilizados pelos manifestantes. Os ativistas protestam contra a derrota do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) na disputa com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial que se encerrou neste domingo, 30. Mobilizaram-se em vários estados para pedir um golpe militar.

Segundo os estudantes, os ativistas ameaçaram queimar os estudantes. Também conforme os universitários, agentes da Polícia Rodoviária Federal testemunharam as ameaças e não intervieram. O Estadão não conseguiu entrevistar, na noite desta segunda-feira, 31, nenhum porta-voz da PRF sobre essas reclamações de estudantes em relação à suposta omissão de integrantes da corporação quando foram ameaçados pelos manifestantes.

"Nós saímos do Rio às 8h desta segunda, num ônibus da UFRJ, rumo a Uberaba, para fazer um trabalho de campo da disciplina Estratigrafia", contou por telefone uma aluna que participa da viagem e prefere não se identificar.

A nota diz que os professores orientaram os estudantes a se dividirem em grupos e ir para o hotel mais próximo, apenas com as roupas do corpo e documentos. "Durante o caminho, os estudantes foram xingados, filmados, ameaçados e hostilizados pelos manifestantes, que impediram o direito constitucional de ir e vi., diz o texto"

Na nota, a Reitoria da UFRJ "repudia veementemente o bloqueio e a hostilização protagonizados pelos manifestantes que impossibilitaram os estudantes de prosseguir viagem de pesquisa acadêmica" e se solidariza com os estudantes, professores, motoristas e seus familiares. O texto lembra que a universidade sofreu, em 2022, sucessivos bloqueios orçamentários, chegando a "um estado de penúria financeira" e reclama dos "bloqueios terrestres que impedem o livre tráfego para produzir pesquisas".

"A UFRJ não permitirá que seus estudantes, professores e funcionários sejam ultrajados e hostilizados e com anuência de outros entes do Poder Executivo" diz o texto. "Caso os estudantes e professores não sejam liberados até terça-feira, 1º/11, a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, irá pessoalmente ao local do bloqueio para diálogo e intercessão junto à PRF para que haja liberação pacífica e imediata do tráfego para minimização dos prejuízos causados à comunidade acadêmica e liberdade do fazer acadêmico. A Reitoria e a Prefeitura Universitária acompanham o caso."

Na manhã desta terça, 1, a Reitoria atualizou a nota. Informou no texto que os professores e alunos provavelmente desistiriam da viagem a Uberaba e voltariam ao Rio. Segundo o texto, todos estão bem.

Estadão
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