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Política

Manifestantes pró-Bolsonaro vão às ruas em todo o País

Menores que os pró-impeachment de Dilma, atos tiveram como bandeiras apoio ao presidente, defesa das reformas e ataques ao Congresso e ao Supremo; Bolsonaro vê recado para os que 'não deixam que o povo se liberte'

26 mai 2019 - 19h46
(atualizado às 19h52)
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Milhares de manifestantes foram às ruas de cidades brasileiras neste domingo, 26, em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e em defesa de temas como a reforma da Previdência e o pacote anticrime do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. As mobilizações mais significativas foram registradas em São Paulo e no Rio. A pauta dos atos foi marcada também por ataques ao Congresso, personificados no presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ao Supremo Tribunal Federal (STF). O atos foram classificados por Bolsonaro como espontâneos e como um recado "para aqueles que, com suas velhas práticas, não deixam que o povo se liberte".

O Estado contabilizou, até as 19h, registros de manifestações em todos os 26 Estados e o Distrito Federal.

Manifestantes acompanham ato de apoio ao governo Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde deste domingo (26)
Manifestantes acompanham ato de apoio ao governo Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde deste domingo (26)
Foto: BRUNO ROCHA/FOTOARENA / Estadão Conteúdo

Um dos principais nomes do Centrão, o líder do DEM, deputado Elmar Nascimento (BA), defendeu o "diálogo" e o respeito às "opiniões divergentes" após o Congresso ­ser um dos principais alvos de manifestantes nas ruas. Em nota, Elmar mandou um recado aos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro: "Ninguém governa sozinho".

Convocada pelas redes sociais, a manifestação na Avenida Paulista foi marcada por críticas aos deputados do centrão e ao STF, discursos exaltados em defesa da reforma da Previdência, da CPI 'Lava Toga' e exaltação ao pacote anticrime do ministro Sérgio Moro.

O número de manifestantes foi visivelmente menor que nas manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff, mas a Polícia Militar não fez estimativas até o momento. O maior foco de concentração de público foi no trecho entre a Rua Peixoto Gomide e a FIESP. Os manifestantes se concentraram ao redor de sete carros de som espalhados por oito quarteirões da Paulista, entre a Avenida Brigadeiro Luís Antônio e a Rua Augusta.

Estacionado na esquina da Avenida Paulista com Peixoto Gomide, o caminhão do Nas Ruas foi o ponto de encontro dos políticos presentes (a maioria do PSL) e também o principal foco de aglomeração de manifestantes. O grupo ocupou o espaço que nas manifestações de 2014 foi do Movimento Brasil Livre e do Vem Pra Rua — as duas organizações optaram por não apoiar o movimento em defesa de Jair Bolsonaro.

O Nas Ruas levou um boneco inflável gigante do presidente e tocou o jingle de campanha de Bolsonaro. Os parlamentares presentes minimizaram as palavras de ordem mais radicais que pregavam o fechamento do Congresso e intervenção no STF.

Polícia estima 20 mil em Brasília

Em Brasília, o ato começou por volta das 10h e, de acordo com estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), 20 mil pessoas estiveram na Esplanada dos Ministérios, que parecia vazia vista de cima. A maior concentração se deu no gramado em frente ao Congresso.

Membros do Legislativo, os parlamentares do chamado Centrão foram alvo de críticas na manifestação, que defendeu a aprovação de pautas encampadas pelo Executivo, como a reforma da Previdência e o pacote anticrime do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. "Centrão, fica aqui o aviso, se não tiver a nova Previdência, o negócio vai feder", disse um dos manifestantes ao microfone.

Dos trios, o nome do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, foi citado diversas vezes de forma negativa. Uma das faixas pedia #foraMaia e #foraSTF, Corte que também foi alvo de insatisfação durante o ato. Um grupo de pessoas em um dos trios elétricos se fantasiou de lagosta, em forma de protesto ao edital do STF que prevê refeições com lagosta e vinhos com premiação internacional.

Outro assunto bastante recorrente entre os manifestantes foi o pedido para que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) fique nas mãos de Moro. O ministério que irá coordenar as atividades do conselho será definido pelo Congresso, que vota a reforma administrativa do governo Bolsonaro. A Câmara já votou para que o Coaf fique com Ministério da Economia.

Bandeiras diversas marcam manifestação em Copacabana

No Rio de Janeiro, o público que participou do ato em apoio ao governo de Jair Bolsonaro se distribui ao longo de 800 metros da avenida Atlântica, em Copacabana, zona sul da cidade, entre as ruas Sousa Lima e Constante Ramos. Embora as duas pistas tenham sido interditadas para o trânsito de carros, só foi ocupada a pista mais perto da praia. A Polícia Militar não divulga estimativa de público, e, como não há uma liderança única do ato, ninguém emitiu essa estimativa.

As bandeiras defendidas pelas manifestantes foram diversas e foram além do mote oficial dos atos de hoje, que eram a defesa da reforma da Previdência e do pacote anticrime do ministro Sérgio Moro. O bacharel Márcio Ávila, de 38 anos, exigiu o fim do exame nacional promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Já o militar Marcelo Forte, de 51 anos, levou faixas a Copacabana cobrando a renovação da frota de ônibus municipais de Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense.

Também houve, no Rio, a presença de cartazes contrários a Rodrigo Maia e ao Supremo. Outros chegaram a sair em defesa do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, que é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Uma faixa pedia ainda uma "intervenção militar agora" no País.

Imprensa é criticada em ato em Belo Horizonte

Em meio a críticas ao Congresso e ao STF, a imprensa também foi alvo de discursos em carros de som no ato de Belo Horizonte. Uma equipe da Rede Globo de Televisão chegou a ser expulsa por manifestantes da Praça da Liberdade, no centro da capital mineira.

Um repórter e um cinegrafista faziam cobertura do ato quando começaram a ser perseguidos e hostilizados com palavrões. Os dois andaram cerca de 400 metros até entrarem em um carro sem logomarca da rede de televisão.

Também houve, porém, quem saiu em defesa das bandeiras principais da manifestação. O analista de importação Natalino Nunes, de 48 anos, afirma que o pacote anticrime de Moro é a saída para o fim da criminalidade no País. "Como está fica difícil o governo proteger a sociedade. A gente está nas mãos dos bandidos. É preciso reduzir a criminalidade. Eu tenho uma moto. Quando a estaciono, fico preocupado, achando que vai ser roubada", diz.

Em Belém, apoio a reformas e críticas à imprensa

Em Belém do Pará, os manifestantes começaram a se reunir por volta das 9 horas, na Escadinha do Cais do Porto, área turística da capital paraense. Sob sol forte, caminharam pelas duas principais avenidas da cidade, Presidente Vargas e Nazaré. No alto do trio elétrico, um cartaz exibia foto do ministro da Justiça, Sérgio Moro, com apoio ao pacote anticrime.

Vestidos de verde e amarelo, a maioria dos manifestantes optou por levar bandeiras para o ato. Nos poucos cartazes encontrados, havia mensagens de apoio à reforma da Previdência e críticas à imprensa. No trio elétrico, um locutor mandava recados para os políticos. "Coalizão quem faz somos nós. Bolsonaro está rompendo com o sistema e implantando nova forma de governar."

No meio da passeata, um grupo de motoqueiros pedia que os manifestantes não falassem com a imprensa. Segundo ele, os jornalistas eram petistas infiltrados que estavam querendo que os apoiadores do presidente respondessem a questionários.

O ato foi encerrado, por volta de 12h, na avenida Doca de Souza Franco, área nobre da capital paraense. Antes da dispersão, os manifestantes cantaram o Hino Nacional e rezaram um Pai Nosso. Ao microfone, o locutor ainda fez uma última crítica à imprensa — que, segundo ele, tentaria esconder a "grandeza dos atos". A saída, disse, era inundar as redes sociais com fotos e vídeos dos atos. "Você que trouxe seu celular, que fez vídeo, poste nas redes para mostrar a verdade". A Polícia Militar do Pará informou que a manifestação reuniu cerca de 3 mil pessoas.

Em Salvador, críticas a Maia, Centrão e 'parlamentarismo branco'

A manifestação em Salvador, capital baiana, ocupou a orla da Barra e pregou a importância dos atos como forma de fazer o Congresso "ouvir a voz do povo". "Se Deus quiser, depois dessas manifestações eles entenderão o recado", disse a presidente do PSL na Bahia, Professora Dayane Pimentel, em cima do trio elétrico.

Não faltaram gritos de "Eu vim de graça", "Essa manifestação é espontânea" e críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao Partido dos trabalhadores e ao governador da Bahia, Rui Costa, que é do PT. A concentração começou por volta das 9h e às 10h30 os manifestantes saíram em caminhada até o Morro do Cristo, percorrendo cerca de 1 quilômetro. Eles levavam bandeiras do Brasil, faixas e cartazes com frases do tipo "Centrão, Parlamentarismo branco, não" ; "Reformas Já", "O Brasil está com Bolsonaro".

Durante o trajeto, por duas vezes eles pararam e entoaram o Hino Nacional. Esbanjando animação, a aposentada Ana Cristina Silva, de 68 anos, disse que participava do evento por amor ao Brasil.

Já o motorista Marivaldo Nascimento Melo, 59, que levou toda a família para a rua, afirmou que a sua presença era uma forma de mostrar ao Centrão (grupo de partidos políticos que tem se oposto ao governo) "que existem homens dignos e honestos no país, que estão em defesa do governo e do Brasil". O filho dele, Miquéias Melo, de 18 anos, tinha como objetivo mandar um recado ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia: "O país está de olho em você. Queremos a aprovação das reformas importantes ao país".

O ato na capital baiana chegou ao fim por volta de 12h. Na Bahia, houve manifestações também nas cidades de Feira de Santana, Itabuna, Juazeiro e Vitória da Conquista.

Manifestantes pró-Bolsonaro arrancam faixa a favor da educação em Curitiba

Manifestantes pró-Bolsonaro arrancaram uma faixa em defesa da educação pública que estava afixada à fachada do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, neste domingo, 26. O edifício fica na praça Santos Andrade, local que costuma ser ponto de início de manifestações na capital paranaense.

A faixa, na qual se lia "Em defesa da educação #OrgulhoDeSerUFPR #UniversidadePública #EuDefendo", foi retirada sob aplausos de manifestantes. Um deles afirma, em vídeo que circula nas redes sociais, que "prédio público não pode ser utilizado de forma ideológica".

O reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, classificou a ação como "inacreditável" em sua conta no Twitter.

Cidades do interior também tiveram atos

Além das capitais, municípios do interior também foram às ruas, em pequeno número, para defender o governo. Em Campinas, São Paulo, o ato dos bolsonaristas em defesa da reforma da Previdência e do pacote anticrime reuniu 3 mil pessoas, conforme estimativa da Polícia Militar. Os manifestantes se reuniram no Largo do Rosário, região central da cidade. Até o encerramento, por volta das 13 horas, a PM não registrou incidentes.

Já em Ribeirão Preto, a Polícia Militar calculou em 6 mil pessoas o público que compareceu à manifestação. Com faixas e bandeiras do Brasil, o público se concentrou no cruzamento das avenidas 9 de Julho e Presidente Vargas e saiu em marcha pelo centro. Agentes de trânsito interditaram as vias principais. Não houve incidentes.

Em Sorocaba, os dois atos marcados reuniram, juntos, 480 pessoas, segundo a Polícia Militar. Foram 400 no que foi realizado no Jardim do Paço, em frente à Prefeitura, e 80 na manifestação da Praça da Bandeira, região central da cidade. O protesto de estudantes e professores contra o corte de verbas da educação, no dia 15 último, em Sorocaba, reuniu mais gente: 2,5 mil pessoas, segundo a estimativa da PM na ocasião.

*FÁBIO GRELLET, AMANDA PUPO, LEONARDO AUGUSTO, HELIANA FRAZÃO, JOSÉ MARIA TOMAZELA, DANIELA AMORIM, RITA SOARES, CAIO SARTORI, PAULO BERALDO, LUIZA POLLO, PEDRO VENCESLAU, FABIO LEITE E CARLA BRIDI

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Direto ao Ponto: Na semana política, Bob Esponja, casamento, articulação e mea-culpa:
Estadão
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