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Política

Manifestantes protestam no Rio contra o racismo e o governo

Ato no centro da cidade também criticou a violência policial nas favelas do Estado

7 jun 2020 - 17h17
(atualizado às 17h49)
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 Manifestantes no protesto contra o racismo na tarde deste domingo (07/06) na Avenida Presidente Vargas, centro do Rio de Janeiro.
Manifestantes no protesto contra o racismo na tarde deste domingo (07/06) na Avenida Presidente Vargas, centro do Rio de Janeiro.
Foto: Marina Vilela/FRAMEPHOTO / Estadão Conteúdo

RIO — Manifestantes vestidos, em sua maioria, de preto e usando máscaras para proteção contra o novo coronavírus tomaram na tarde deste domingo, 7, uma das pistas da Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, para protestar contra o racismo e a violência policial nas favelas da cidade. "Eu tô de preto, de favelado, que todo dia na favela é assassinado", era uma das principais palavras de ordem durante o trajeto, aberto pela faixa "As mães negras não aguentam mais chorar". O ato também criticou governo do presidente Jair Bolsonaro e pediu a sua saída do poder.

A caminhada homenageou a memória de crianças e adolescentes negros mortos em ações policiais nas comunidades, como Ágatha Félix, no ano passado; João Pedro, morto este ano; Marcos Vinícius, em 2018; e Maria Eduarda, em 2019. Os manifestantes também lembraram o assassinato, há dois anos, da vereadora Marielle Franco (PSOL). As investigações resultaram na prisão de dois suspeitos, mas não esclareceram mandantes nem motivo do crime.

A manifestação não registrou nenhum contratempo significativo, apesar do grande número de policiais cercando a passeata por todo o trajeto e revistando os participantes constantemente. Apenas a presença de uma bandeira de um partido político gerou alguma tensão no evento, mas o problema foi logo resolvido. Houve ainda divergências sobre se os ativistas iriam se ajoelhar em protesto contra o racismo, como ocorre nos atos nos Estados Unidos.

"Não vamos nos ajoelhar para o Estado", bradavam os contrários ao gesto.

Não faltou entre os cartazes, a frase "I can't breathe", dita pelo negro norte-americano George Floyd, assassinado nos Estados Unidos no fim de maio por um policial que, por mais de oito minutos, pressionou o joelho contra o seu pescoço, depois de prendê-lo e imobilizá-lo com outros agentes.

Por volta das 16h, todos deitaram no chão simulando cadáveres de vítimas de policiais. Também gritaram a frase que ficou marcada nos protestos de todo mundo: "Vidas negras importam".

Pelo Instagram, o Instituto Marielle Franco transmitiu a manifestação, que lembrava a todo momento a vereadora assassinada em 18 de março de 2018 com seu motorista Anderson Gomes. "Marielle perguntou, eu também vou perguntar, quantos mais vão ter que morrer para essa guerra acabar", era uma das palavras de ordem puxada durante a caminhada. A manifestação partiu do monumento ao líder negro Zumbi dos Palmares, na altura da Praça Onze, e foi até a Igreja da Candelária.

'Fora Bolsonaro'

O protesto contra o presidente Jair Bolsonaro foi apoiado em vários bairros da cidade, com manifestações nas janelas e panelaço nos bairros do Flamengo, Laranjeiras, Jardim Botânico, Santa Teresa e Grajaú, entre outros. O movimento foi convocado pelas redes sociais em protesto contra o presidente.

"Doutor, eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano", cantaram algumas vezes os manifestantes durante a caminhada. Vários cartazes pediam a saída de Bolsonaro da Presidência da República. O ato terminou pouco antes das 16h. A PM acompanhou a dispersão dos ativistas, acompanhando-os até a estação Uruguaiana do Metrô.

Estadão
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