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Política

Marcela Temer pede devolução de bens: "extrapolou limites"

Mulher do ex-presidente afirma que o mandado de busca da PF pegou bens de seu "uso exclusivo" e "extrapolou os limites fixados"

28 mar 2019 - 07h57
(atualizado às 08h52)
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A mulher de Michel Temer (MDB), Marcela, pediu ao juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, que devolva seu celular, seu iPad, um talão de cheques e um contrato de locação apreendidos pela Operação Descontaminação - desdobramento da Lava Jato que investiga o ex-presidente por suposta propina milionária nas obras da usina de Angra 3, no Rio. Marcela Temer afirma que o mandado de busca da Polícia Federal pegou bens de seu "uso exclusivo" e "extrapolou os limites fixados" pelo magistrado.

"Restou apreendido pela Polícia Federal bens de propriedade e uso exclusivo da Peticionária, notadamente, (i) o seu celular; (ii) seu iPad; (iii) um talonário de cheques e, (iv) um contrato de locação", relatou a defesa de Marcela, representada pelos advogados Átila Machado, Luiz Castro e Leonardo Peret.

Marcela Temer e o ex-presidente Michel Temer
Marcela Temer e o ex-presidente Michel Temer
Foto: Mateus Bonomi / Futura Press

"A despeito da clareza solar da restrição imposta ao cumprimento da medida as pessoas investigadas - e suas pessoas jurídicas -, é certo que a Autoridade Policial a frente do cumprimento da ordem judicial extrapolou os limites fixados por Vossa Excelência e, expressamente, constantes do mandado de busca e apreensão."

Temer foi preso no dia 21 quando saía de casa em São Paulo. O ex-presidente passou quatro dias recolhido na Superintendência da Polícia Federal do Rio em uma sala de 46m². Na segunda-feira, 25, o desembargador Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) mandou soltar o emedebista e outros sete alvos da Descontaminação.

Na casa de Temer, a PF pegou pendrives, agendas, papeis manuscritos, fita cassete, celulares, revólveres e espingardas e até um cartão de aniversário para o filho do ex-presidente, assinado pelo empresário Vanderlei de Natale, também alvo da operação e a quem a Lava Jato atribui lavagem de dinheiro no esquema.

"Michelzinho, desejamos à você este ano novo que inicia em sua vida muita saúde, alegrias e muitas felicidades. Parabéns pelo seu aniversário", escreveu o empresário.

'Sofisticado esquema'

A Descontaminação investiga os crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. A Procuradoria da República apura pagamentos ilícitos que teriam sido feitos por determinação do empresário e delator José Antunes Sobrinho - ligado à empreiteira Engevix - para um esquema cuja liderança é atribuída a Michel Temer e também mira desvios de recursos da Eletronuclear para empresas indicadas por aliados do ex-presidente.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) ao deixar uma área reservada do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), de onde seguiu para embarque em um avião da Polícia Federal rumo ao Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 21
O ex-presidente Michel Temer (MDB) ao deixar uma área reservada do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), de onde seguiu para embarque em um avião da Polícia Federal rumo ao Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 21
Foto: WERTHER SANTANA / Estadão Conteúdo

O Ministério Público Federal afirma que identificou um "sofisticado esquema" de propina na contratação das empresas Argeplan, AF Consult Ltd e Engevix para a execução do contrato de projeto de engenharia eletromecânico 01 de Angra 3. De acordo com a investigação, a Eletronuclear contratou a empresa AF Consult Ltd, que se associou às empresas AF Consult do Brasil e Engevix.

Participam da AF Consult do Brasil, segundo a Lava Jato, a finlandesa AF Consult Ltd e a Argeplan. Os investigadores relatam que a AF Consult do Brasil e a Argeplan não tinham pessoal e expertise suficientes para a realização dos serviços e, por isso, houve a subcontratação da Engevix.

Durante o contrato, narra a operação, o coronel Lima solicitou ao sócio da empresa Engevix o pagamento de propina em benefício de Michel Temer. Os procuradores afirmam que houve pagamento de propina no final de 2014 com transferências totalizando R$ 1,091 milhão da empresa Alumi Publicidades para a empresa PDA Projeto e Direção Arquitetônica, controlada pelo coronel Lima.

As investigações apontaram que os pagamentos feitos à AF Consult do Brasil envolveram o desvio de R$ 10,859 milhões, "tendo em vista que a referida empresa não possuía capacidade técnica, nem pessoal para a prestação dos serviços para os quais foi contratada".

Temer nega que tenha cometido qualquer irregularidade. Após a soltura do ex-presidente, seus advogados, que haviam dito que a prisão era abusiva e desnecessária, divulgaram a seguinte nota:

"A decisão do desembargador federal Antonio Ivan Athié, que concedeu liminar para determinar a imediata liberação do ex-presidente, merece o reconhecimento de todos os que respeitam o ordenamento jurídico e as garantias individuais inscritas na Constituição da República".

Veja também:

Por que o meio jurídico diz que a prisão de Temer é ilegal?:
Estadão
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