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Política

Marconny tem 'apagão' de memória e revolta senadores na CPI

Em uma das poucas confissões, lobista admitiu que tem “relação de amizade” com Jair Renan Bolsonaro, filho mais novo do presidente

15 set 2021 - 14h21
(atualizado às 15h50)
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Marconny Albernaz de Faria, acusado de fazer lobby na negociação de contratos da Precisa Medicamentos
Marconny Albernaz de Faria, acusado de fazer lobby na negociação de contratos da Precisa Medicamentos
Foto: Pedro França / Agência Senado

Os senadores presentes à reunião da CPI da Covid desta quarta-feira, 15, mostraram indignação com o depoimento de Marconny Albernaz de Faria, acusado de ser lobista na negociação de contratos da Precisa Medicamentos com o Ministério da Saúde. Em diversas respostas, Marconny foi evasivo, alegou esquecimento ou invocou o direito ao silêncio obtido em habeas corpus do Supremo Tribunal Federal. Isso levou o relator Renan Calheiros (MDB-AL) a qualificar o depoimento como o mais "cínico" desde o início da investigação.

Duas semanas atrás, Marconny havia apresentado um atestado médico para não comparecer à CPI, levando a comissão a ameaçar trazê-lo "sob vara" (coerção judicial). O depoente foi vago em relação à sua atividade profissional, limitando-se a dizer que tem uma "empresa de assessoramento técnico-político" que faz "análise de estudos de viabilidade política" para empresas privadas.

"Pelo fato de eu ser de Brasília, fiz uma análise de viabilidade técnico-política para a Precisa, que tinha como objetivo aquisição de testes rápidos para detecção de covid-19", limitou-se a explicar.

Marconny negou ser lobista, dizendo que seria péssimo na função, o que levou o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), a gracejar, comparando-o a Coiote, personagem de desenho animado que persegue em vão o Papa-Léguas.

Irritado com as evasivas do depoente, Omar Aziz lembrou um vídeo da internet em que Marconny aparece discursando em tom veemente em manifestações pró-governo: "Para subir em caminhão para falar mal de político, aí é macho. Mas quando o calo aperta, aí o cabra não é mais macho. Vai ao Supremo, tem diarreia, pede atestado médico. Chega aqui, a conversa é diferente."

Marconny pertenceria a um grupo, formado pelo deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), pelo ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, pelo ex-secretário da Anvisa José Ricardo Santana e outros, suspeitos de operar em licitações.

Em mensagens de julho de 2020, obtidas pela CPI, Marconny conversa com Santana sugerindo "a arquitetura ideal", aparentemente para direcionar um processo de licitação de compra de testes rápidos contra covid-19, eliminando concorrentes para atingir um resultado desejado. A licitação foi abortada pela Operação Falso Negativo, do Ministério Público do Distrito Federal.

O depoente disse não ter "nenhuma relação" com Roberto Ferreira Dias, embora o chamasse de 'Bob' e o tenha recebido em sua casa para tratar da licitação, como demonstram as mensagens.

Visitas ao Senado

Em determinado momento, Marconny afirmou não conhecer nenhum senador da República, embora nas mensagens de seu celular ele faça referência a conversas com um "senador". Para esclarecer a questão, Leila Barros (Cidadania-DF) pediu que a Polícia Legislativa levantasse o registro de todas as entradas de Marconny nas dependências do Senado.

Amizade com Jair Renan

Marconny Faria admitiu que tem “relação de amizade” com Jair Renan Bolsonaro, filho mais novo do presidente da República, Jair Bolsonaro. O depoente também afirmou conhecer a mãe de Jair Renan, a advogada Ana Cristina Valle, mas negou que tenha sido apresentado ou que mantenha negócios com outros integrantes da família.

Marconny disse que conheceu Jair Renan Bolsonaro “por amigos em comum logo que ele chegou a Brasília”. O depoente reconheceu ainda que ajudou o filho do presidente a abrir a empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídia.

"Ele [Jair Renan] queria criar uma empresa de influencer. Só apresentei ele para um colega tributarista que poderia auxiliar na abertura dessa empresa", disse.

Respondendo a Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Marconny admitiu ter comemorado seu aniversário no camarote de Jair Renan Bolsonaro no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Quando ressalvou que a festa não era ilegal, Alessandro rebateu: "A ilegalidade não está na festa, está no que se consegue nas festas. Elucida-se por que vale a pena contratar o Marconny. O Marconny é o cara que vai para o churrasco com a advogada do presidente [Karina Kufa] e que faz a sua festa de aniversário no camarote do filho do presidente."

* Com informações da Agência Senado

Fonte: Redação Terra
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