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Política

Marina lança programa, defende BC independente e mudanças na política externa

29 ago 2014 - 21h14
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Pablo Giuliano.

São Paulo, 29 ago (EFE) - A candidata presidencial do PSB, Marina Silva, lançou seu programa de governo nesta sexta-feira em São Paulo, se pronunciou mais uma vez a favor da autonomia do Banco Central e afirmou que o país "vive um momento grave de credibilidade" econômica.

Marina tentou dar mística a suas possibilidades eleitorais e assegurou que, se for eleita, chegará à presidência do país não apenas uma filha da floresta amazônica e da classe trabalhadora, mas uma "professora de escola".

"O povo brasileiro que elegeu um acadêmico e que elegeu um operário, haverá de eleger uma professora que veio dos seringais da floresta", afirmou Marina em referência ao sociólogo Fernando Henrique Cardoso e ao torneiro mecânico e sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva.

A candidata, que em 2010 recebeu o 20 % dos votos, lançou hoje seu plano de governo com a cúpula do PSB e dois de seus principais assessores, o economista Eduardo Gianetti e Neca Setúbal, herdeira do império financeiro do Banco Itaú.

O anúncio do plano de governo de Marina coincidiu com a divulgação dos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que apontaram uma contração de 0,6%, depois de perder 0,2% no primeiro.

"É um momento grave de credibilidade, de recessão. E, quando se recupere a confiança, os investidores voltarão", analisou Marina, que citou duas vezes a importância de um "Banco Central com autonomia", como tinha antecipado Neca, uma de suas principais conselheiras e encarregada dos planos educativos.

"Como em todos os países que adotam o regime de metas, haverá regras definidas, acordadas em lei, estabelecendo mandato fixo para o presidente, normas para sua nomeação e a de diretores, regras de destituição de membros da diretoria, dentre outras deliberações", aponta o programa.

Além da esfera econômica, aspectos desconhecidos até o momento como seus pensamentos sobre a política externa foram revelados por Marina e seu candidato a vice, Beto Albuquerque, em um livro de 250 páginas e seis módulos.

Marina propõe, por exemplo, uma flexibilização nas regras do Mercosul para poder realizar acordos bilaterais com outros países mesmo quando não adiram à ideia os sócios do bloco: Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela.

"Temos o princípio da integração, mas isto não impede que possamos encontrar meios para ter rapidez para acordos bilaterais", comentou.

Nesse sentido, a candidata citou o acordo que o bloco sul-americano negocia para o livre-comércio com a União Europeia (UE).

"Na negociação há dificuldades, como o caso da Argentina, mas isso não deveria impedir que o Brasil seguisse. É uma questão de defender os interesses do país sem prejudicar o resto", opinou.

Marina defendeu ainda a chamada "negociação em duas velocidades", que, segundo seu programa de governo, não fere o Tratado de Assunção de 1991, pacto de fundação do bloco sul-americano.

O programa de governo também propõe uma política de aproximação do Mercosul com a Aliança do Pacífico e uma "agenda positiva" com os Estados Unidos.

"É preciso relançar o dinamismo no comércio com os Estados Unidos e a UE e fundar novos padrões comerciais com o Chile", indicou.

Com militantes gritando "Eduardo presente, Marina presidente", Marina não poupou o PT de críticas, mas reservou palavras elogiosas para Lula, que, segundo a candidata, foi "desqualificado" antes de ser eleito presidente.

"Intelectual tinha que dar aval para o operário poder ser presidente da República. Esqueceram muito rápido o que tivemos que passar para chegar onde chegamos", concluiu Marina.

EFE   
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