Mauro Cid afirma que Braga Netto tentou obter informações sobre sua delação e chegou a ligar para o seu pai
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro relatou que o general e Fábio Wajngarten procuraram seu pai para saber detalhes da delação
O tenente-coronel Mauro Cid revelou em depoimentos à Polícia Federal que o general Walter Braga Netto entrou em contato com seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid, para obter informações sobre sua delação premiada. A tentativa de interferência nas investigações foi um dos principais argumentos que levaram à prisão de Braga Netto, detido desde 14 de dezembro de 2024.
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Segundo Cid, em vídeo liberado pelo ministro Alexandre de Moraes, além de Braga Netto, o advogado Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação de Jair Bolsonaro, também buscou seu pai com o mesmo objetivo. “Não só ele, mas outros intermediários buscaram saber o que eu tinha falado”, declarou o ex-ajudante de ordens.
Ele negou, no entanto, que tenha havido um encontro presencial, alegando que Braga Netto estava no Rio de Janeiro, enquanto seu pai permanecia em Brasília.
A delação de Mauro Cid estava sob sigilo até esta semana, o que impedia qualquer divulgação de seu conteúdo por ele, seus advogados ou familiares. No entanto, o nome de Braga Netto já havia sido mencionado em trechos da colaboração que embasaram a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinando sua prisão.
Além da suspeita de interferência nas investigações, Braga Netto também é acusado de financiar manifestações golpistas. Segundo o ex-ajudante de ordens, o general arrecadou recursos para apoiar aliados radicais de Bolsonaro.
O nome de Braga Netto consta na mesma denúncia criminal que inclui o ex-presidente e outros integrantes do núcleo que teria planejado a tentativa de golpe de Estado.
Em nota, a defesa de Bolsonaro afirma que o ex-presidente "jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam". Também alegou ter recebido com "estarrecimento e indignação a denúncia da Procuradoria-Geral da República".