Mauro Cid está em fase de "pré-delação" e pode revelar fluxo financeiro de Bolsonaro, diz jornalista
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro falou por mais de 22 horas em depoimentos à PF somente nos últimos dias
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, encontra-se em uma fase conhecida como "pré-delação". Ele prestou um novo depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 31, que se prolongou por mais de 9 horas. As informações são do blog da jornalista Natuza Nery, da GloboNews.
Na fase "pré-delação", o investigado compartilha todas as informações que detém com os investigadores. Posteriormente, a PF avalia a consistência dessas informações, a fim de determinar se elas são suficientemente robustas para considerar a possibilidade de oferecer um acordo de delação premiada ao colaborador.
De acordo com informações de fontes ouvidas pelo blog, há a possibilidade de que Cid revele não apenas detalhes sobre o caso das joias sauditas, mas também informações relacionadas ao fluxo financeiro do ex-presidente. O cenário poderia abrir uma nova frente de investigação, cujos detalhes ainda não foram divulgados.
Além de Mauro Cid, nesta quinta-feira, outras 7 sete pessoas foram convocadas a prestar depoimento no âmbito do inquérito que investiga o caso das joias. Entre estas, 4 optaram por ficar em silêncio: Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o advogado Fabio Wajngarten e o ex-assessor Marcelo Câmara.
Entenda o esquema de vendas de joias
Segundo a PF, Mauro Cid teria vendido com o auxílio do seu pai, o general Mauro Lourena Cid, as joias omitidas do acervo da Presidência no exterior. De acordo com os investigadores, uma das peças comercializadas pelo ex-ajudante de ordens foi um relógio da marca Rolex, estimado em R$ 300 mil e recebido por Bolsonaro em uma viagem presidencial à Arábia Saudita em 2019. Peça que foi recomprada por Wassef nos Estados Unidos para ser entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU).
De acordo com a PF, os montantes obtidos das vendas ilegais foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal de Bolsonaro, por meio de laranjas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores. Os investigadores agora trabalham para descobrir se o ex-presidente foi ou não o mandante da ordem de realização das vendas e também da recompra.