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Política

Mauro Cid foi pivô de investigação e tentou fraudar cartões de vacina da mulher e das filhas, diz PF

Mensagens trocadas pelo ex-ajudante de ordens da Presidência da República, preso na Operação Venire, acenderam alerta da Polícia Federal

3 mai 2023 - 21h05
(atualizado às 21h32)
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Segundo a PF, os dados falsos foram incluídos no sistema integrado do Ministério da Saúde e, depois que os certificados de vacinação foram gerados por meio do aplicativo ConecteSUS, as informações foram excluídas para não deixar 'rastros'.

Antes da suposta fraude na caderneta de vacinação de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid teria tentado falsificar o comprovante de vacinação da própria mulher, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, por meio de um contato em Goiás, em novembro de 2021.

O cartão falsificado manualmente aponta duas doses da vacina Biotech supostamente aplicadas na cidade de Cabeceiras, que fica a cerca de 349 quilômetros da capital Goiânia, mas não há registros de que a mulher do tenente-coronel tenha comparecido na Unidade Básica de Saúde (UBS) para ser imunizada. A PF cruzou dados de geolocalização do celular dela e descobriu que, nas datas citadas no cartão, em agosto e novembro de 2021, Gabriela estava em Brasília.

Os dados usados teriam sido copiados do cartão de uma enfermeira, que foi de fato vacinada em Cabeceiras, segundo a investigação.

Outro personagem importante no quebra-cabeça da PF é o sargento Luís Marcos dos Reis. Ele seria o contato de Mauro Cid e teria mobilizado o próprio sobrinho, o médico Farley Vinicius Alcântara, para preencher e carimbar o cartão falso.

Na sequência, de acordo com a investigação, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro acionou o segundo-sargento do Exército Eduardo Crespo Alves para tentar inserir os dados no sistema online. O problema é que o lote citado no cartão não foi enviado para o Rio de Janeiro, de onde o grupo tentava cadastrar as informações.

"Infelizmente, ela não está conseguindo porque o sistema daqui não aceita, não está aceitando vacina que ela tomou. O lote que veio para o Rio de Janeiro é diferente. Não tem esse lote aqui, então você, o sistema não aceita", diz um dos áudios interceptados pela PF.

É então que entra em cena o advogado e militar da reserva Ailton Gonçalves Moraes, que também foi preso preventivamente. Ele é apontado como uma espécie de operador do esquema junto à prefeitura de Duque de Caxias. Ailton teria levantado lotes enviados ao Rio de Janeiro e cadastrado duas doses da Pfizer em nome de Gabriela. O advogado também conseguiu um cartão físico de vacinação. A PF acredita que ele tenha contado com a ajuda do ex-vereador Marcello Siciliano, que nega irregularidades.

"Cid, recebi o retorno agora. É... aquele amigo, já está vacinado com duas doses da Pfizer. Amanhã eu estou pegando o documento está bom?", diz um áudio enviado por Ailton ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

A PF suspeita que Gabriela tenha usado o documento falso para entrar três vezes nos Estados Unidos. Os dados de vacinação das três filhas do casal, Beatriz, Giovana e Isabela, e do próprio Mauro Cid, também teriam sido fraudados.

Em uma das conversas interceptadas, Mauro Cid afirma que não vai tomar a vacina. "Eu e ninguém aqui casa", diz ele.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro teria contado com a ajuda do secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha, que teria feito as alterações no sistema do Ministério da Saúde.

COM A PALAVRA, O EX-PRESIDENTE JAIR BOLSONARO

"A defesa do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, reitera que este, em linha com a posição que sempre manteve, nunca recebeu qualquer imunizante contra covid-19. Na constância de seu mandato somente ingressou em países estrangeiros que aceitassem tal condição ou se dessem por satisfeitos com a realização de teste viral, procedimento adotado em diversas ocasiões. A ex-primeira-dama, Dona Michelle, conforme amplamente divulgado, foi vacinada, com imunizante de dose única, no ano de 2021. A filha menor do casal, por sua vez, foi proibida de receber qualquer imunizante em razão de comorbidades preexistentes, situação sempre e devidamente atestada por médicos. A contrario sensu do quanto amplamente noticiado na data de hoje, não haveria qualquer motivo para que o Ex-Presidente promovesse ou determinasse a confecção de certificados falsos."

Paulo Amador da Cunha Bueno, Daniel Bettamio Tesser e Fábio Wajngarten

Estadão
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