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Política

Mauro Cid menciona golpe de 1964 em conversas sobre plano golpista durante governo Bolsonaro

"Em 64, não precisou ninguém assinar nada", disse Cid em troca de mensagens

26 nov 2024 - 20h22
(atualizado às 21h18)
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Mensagens obtidas pela PF dão detalhes do planejamento de um suposto golpe
Mensagens obtidas pela PF dão detalhes do planejamento de um suposto golpe
Foto: CartaCapital

Mensagens e documentos obtidos pela Polícia Federal (PF) trouxeram à tona um plano articulado por aliados de Jair Bolsonaro para uma possível ruptura do estado democrático de direito, com discussões sobre a anulação das eleições de 2022. Entre os indiciados, os registros revelam menções ao golpe militar de 1964 como exemplo. 

A investigação indica que o movimento golpista avançou até a elaboração de um decreto para a anulação do pleito de 2022, mas a falta de apoio do Alto Comando do Exército foi o fator crucial que impediu sua execução. O documento, que estava pronto e despachado para análise, nunca foi assinado por Bolsonaro, pois não houve adesão dos principais comandantes militares.

De acordo com mensagens reveladas pela PF, aliados de Bolsonaro, como o tenente-coronel do Exército Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, expressaram frustração com a falta de ação do Exército. “Fomos covardes, na minha opinião”, disse Cavaliere. Cid, em um comentário semelhante, recordou o golpe de 1964, dizendo: "Em 64, não precisou ninguém assinar nada".

Diálogo ocorreu em janeiro de 2023
Diálogo ocorreu em janeiro de 2023
Foto: Reprodução/PF

Em 7 de dezembro de 2022 , Bolsonaro se reuniu com os comandantes do Exército e da Marinha, além do ministro da Defesa, para discutir o decreto. Ao mesmo tempo, Mario Fernandes, um dos conspiradores, enviou uma mensagem ao general Luiz Eduardo Ramos, conhecido como "Kid Preto", confirmando a existência do documento.

"Kid Preto, falei com o Renato, o decreto é real, foi despachado ontem com o presidente", disse Fernandes, sugerindo que o plano estava avançando.

No entanto, a resistência interna no Exército acabou sendo um obstáculo significativo. Em uma mensagem de 16 de dezembro de 2022, o coronel George Hobert Lisboa mencionou que o Alto Comando estava "fechando em copas", possivelmente com a maioria contra a decisão do presidente, o que inviabilizou o prosseguimento do plano.

Mesmo com pressões de aliados de Bolsonaro, como Mario Fernandes, a maioria dos generais se manteve fiel à instituição e se recusou a apoiar a ruptura.

Sem apoio militar, o plano foi abandonado. No entanto, novas informações revelam que o possível decreto golpista foi destruído por integrantes do Alto Comando do Exército. Em uma troca de mensagens entre Mauro Cid e Sérgio Cavalieri, eles discutem a destruição do documento assinado por Bolsonaro. “Rasgaram o documento que o 01 assinou”, escreveu um dos interlocutores, se referindo ao ex-presidente com o apelido "01".

Além disso, mensagens revelaram que o Almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, teria se alinhado ao plano golpista, sendo descrito como “PATRIOTA” nas conversas. O grupo também mencionou a preparação de tanques no Arsenal, indicando que havia uma mobilização militar em andamento.

Fonte: Redação Terra
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