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Política

Mauro Cid tinha certificado de autenticidade de um outro conjunto de joias, diz jornalista

E-mails obtidos pela CPI mostram que Cid teve acesso aos certificados de um segundo lote de joias entregues pelo pela Arábia Saudita

10 ago 2023 - 14h58
(atualizado às 16h40)
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O tenente-coronel Mauro Cid
O tenente-coronel Mauro Cid
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

E-mails obtidos pela CPMI do 8 de janeiro revelam documentos de Mauro Cid indicando que a Ajudância de Ordens da Presidência da República teve acesso aos certificados de um segundo lote de joias entregues pelo governo da Arábia Saudita, que foram trazidas para o Brasil. As mensagens também expõem as tentativas de retirada do primeiro lote de joias, que foram apreendidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. As informações da jornalista Andréia Sadia, da GloboNews

Os certificados indicam que as três primeiras joias foram adquiridas em 17 de outubro de 2021, ocorrendo 9 dias antes da retenção do primeiro conjunto de joias pela Receita. Somente o relógio teve sua aquisição realizada previamente, em 16 de março de 2019.

As aquisições foram realizadas na loja Attar United, uma revendedora oficial da marca Chopard na Arábia Saudita. O carimbo presente nos documentos revela que as compras foram efetuadas em Riad, a capital do país.

Planejamento para recuperar joias 

Após 9 dias, em 28 de dezembro de 2022, os e-mails indicavam o planejamento para a tentativa de recuperar o primeiro conjunto de joias, que foi retido no Aeroporto de Guarulhos. No momento da apreensão, o valor estimado desse conjunto foi de R$ 5,6 milhões. 

Sob instruções de Cid, o segundo-tenente Cleiton Henrique Holzschuk, que naquela ocasião ocupava o cargo de coordenador administrativo da Ajudância de Ordens, enviou um comunicado ao então diretor da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes.

No ofício, Cid determinava que o conjunto de joias contendo "colar, par de brincos, anel e relógio de pulso, conforme certificado de autenticidade Chopard" fosse retirado por um militar chamado Jairo, que também trabalhava para a Ajudância de Ordens. Uma hora mais tarde, às 13h38, Mauro Cid encaminhou pessoalmente o e-mail de Holzschuk ao chefe da Receita Federal, desta vez sem adicionar novo conteúdo.

Até o momento, nos e-mails fornecidos à CPMI, não há indícios de respostas a essas mensagens. No entanto, algumas horas depois, às 17h01, Holzschuk comunicou a Cid que o membro das forças armadas designado para efetuar a retirada das joias estará embarcando para Guarulhos por meio de um voo da Força Aérea Brasileira (FAB).

"Por oportuno, informo que o referido servidor viajará de Brasília para Guarulhos, em voo da FAB, em 29 de dezembro de 2022, para atender demandas do Senhor Presidente da República naquela cidade".

Na sequencia, Holzschuk pediu autorização para a compra de um voo comercial para ele retornar a Brasília com as joias.

"Solicito-vos autorizar o 1º Sgt MB JAIRO (...), desta Ajudância de Ordens, retornar em voo comercial no trecho Guarulhos-SP para Brasília-DF em 29 de dezembro de 2022. "

Cid, então, autorizou: "Está autorizado a retornar em voo comercial no trecho Guarulhos-SP para Brasília-DF em 29 de dezembro de 2022."

Os membros da CPMI irão examinar os e-mails recentemente obtidos, enquanto também investigam a utilização da Ajudância de Ordens para fins particulares. Requerimentos foram apresentados solicitando a reconvocação de Cid, que, durante sua declaração anterior, optou por permanecer em silêncio.

Fonte: Redação Terra
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