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Política

"Melhor colocar gravador", diz Aziz sobre silêncio de Wizard

Exercendo direito concedido pelo STF, empresário repete a frase "me reservo ao direito de permanecer em silêncio" a cada pergunta da CPI

30 jun 2021 - 12h56
(atualizado às 13h15)
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Carlos Wizard permaneceu em silêncio durante depoimento à CPI
Carlos Wizard permaneceu em silêncio durante depoimento à CPI
Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

A escolha do empresário Carlos Wizard de ficar em silêncio durante seu interrogatório na CPI da Covid não impediu o relator, Renan Calheiros, de fazer suas perguntas ao investigado. Mais que isso, Renan se amparou em vídeos em que o empresário fala em "forrar" o Brasil com medicamentos não comprovados cientificamente para tratar a covid-19 e relembra o mês que passou junto ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello atuando como conselheiro da pasta.

Em sua fala inicial à CPI, que até agora promete ser a única e última com a versão do empresário, Wizard negou fazer parte de gabinete paralelo e de realizar qualquer movimento para compra de medicamentos para combate da covid-19.

A cada pergunta de Renan e de outros integrantes da comissão, Wizard repete a frase: "Me reservo ao direito de permanecer em silêncio", amparado pela decisão do ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Carlos Wizard na CPI da Covid
Carlos Wizard na CPI da Covid
Foto: Pedro França / Agência Senado

A situação fez com que o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), sugerisse até mesmo o uso de um gravador pelo depoente. "E melhor ele colocar um gravador e nem precisa abrir a boca, 'me reservo aqui ao direito de ficar...'", ironizou Aziz.

Uma exceção foi quando o relator perguntou de sua relação com a empresa Belcher Farmacêutica, representante do laboratório chinês CanSino Biologics no Brasil - responsável pela vacina Convidecia. Nesse momento, o empresário resgatou o que disse inicialmente à CPI, quando negou envolvimento no caso. "Citei esse aspecto na minha fala inicial, inclusive fiz questão de apresentar nessa mesa a juntada sobre esse assunto", disse apenas.

Outro momento em que Wizard não apelou ao silêncio foi quando a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) perguntou sobre a religião do empresário. No momento, Wizard exibiu seu próprio livro e o sugeriu a quem "tem interesse em conhecer um pouco mais da obra humanitária" que realizou em Roraima. O empresário então levou uma nova invertida de Aziz. "Vai vender livro aqui, não", repreendeu o presidente da CPI.

Para Renan, o empresário mentiu ao fazer sua exposição à CPI, incorreu em vários crimes, inclusive de "charlatanismo". "E é por isso que está sendo investigado", disse. "Isso por si só é um crime contra a humanidade". A declaração veio logo após o relator exibir um vídeo em que Wizard defende que todos os municípios no Brasil usem o kit de tratamento precoce para combater a covid-19. Nele, o empresário faz uma "homenagem" ao prefeito da cidade de Porto Feliz, no interior de São Paulo, que teria assumido compromisso com a população da cidade, de que ninguém iria morrer vítima da covid-19 em razão do uso do tratamento precoce.

"(O prefeito) preparou um kit, com primeiros sintomas da doença, (paciente) recebe o tratamento, e sabe o que acontece? Ninguém morreu de covid-19 na cidade de Porto Feliz (...) Por que não podemos fazer a mesma coisa em todos os municípios desse País?", Wizard declara no vídeo. Logo após a exibição, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, destacou que 122 pessoas morreram na cidade em razão da covid-19.

Estadão
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