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Política

Mensagens de Moro mostram receio de Deltan com aprovação de Dino para STF

Senador relatou em mensagens flagradas pela imprensa que foi procurado pelo ex-deputado federal após uma foto dele ao lado de Flávio Dino antes do início da sabatina repercutir

14 dez 2023 - 13h12
(atualizado às 15h06)
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RIO - Logo após a aprovação do nome de Flávio Dino como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Sérgio Moro (União-PR) foi flagrado em uma troca de mensagens com o advogado Luis Felipe Cunha, suplente do ex-juiz federal no Senado. Na troca de mensagens, Moro diz que foi procurado pelo ex-deputado federal Deltan Dallagnol, ex-procurador que coordenou a equipe da Operação Lava Jato, no Paraná. O registro foi feito logo após Moro aparecer aos risos e abraçado com o ministro da Justiça antes do início da sabatina. Cunha presta solidariedade ao senador e conta que disse a Deltan que ele (Moro) "sabe o que faz".

Na primeira mensagem flagrada pelo O Globo, Cunha diz: "Deltan desesperado. Me ligou, mandou mensagem e etc", em referência a Dallagnol. O Estadão fotografou a resposta, quando Moro se aconselha: "Mandou msg aqui. Falo algo aqui? O que acha?".

Mensagens entre Moro e o advogado Luis Felipe Cunha durante sabatina de Flávio Dino e Paulo Gonet na CCJ
Mensagens entre Moro e o advogado Luis Felipe Cunha durante sabatina de Flávio Dino e Paulo Gonet na CCJ
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

"Amigo, pela estratégia relatada, aparentemente, não há o que ser dito. Eu disse ao Deltan que vc sabe o que faz e que estarei ao seu lado sempre, por lealdade e por saber que você é um cara correto", escreveu Cunha após a resposta de Moro.

Após o fim da sabatina e com a aprovação de Dino consumada, Dallagnol se pronunciou nas redes sociais. No X, o ex-deputado afirmou que "os senadores que votaram no Dino por emendas parlamentares ou por medo de vingança violaram o dever que têm com seus eleitores".

"Senadores que votaram no Dino por emendas parlamentares ou por medo de vingança violaram o dever que têm com seus eleitores. Se você permite que o sistema te controle com dinheiro ou ameaças, você virou sistema. Mesmo tendo sido cassado eu não me arrependo de nunca ter aceito emendas e cargos do governo e de nunca ter baixado a cabeça para os donos do poder. Eles podem tirar de mim a paz, mas não a coragem; o cargo, mas não a luta; o salário, mas não o valor", escreveu.

Diante da repercussão da foto em que aparece abraçando Dino, Moro foi alertado por um aliado em conversa de WhatsApp a não expor seu voto. Parlamentar da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Moro ficaria exposto se tornasse público um eventual apoio a Dino para a vaga de ministro do STF.

O Estadão registrou a mensagem no celular de Moro durante a sessão no plenário do Senado. Ele conversava com uma pessoa próxima identificada apenas como "Mestrão". O contato ainda disse ao senador que o "coro está comendo" nas redes sociais.

Feito o alerta, Mestrão tentou tranquilizar o senador: "fica frio que ja ja passa (sic)". Na sequência, porém, ele orientou novamente o parlamentar: "não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, se não isso vai ficar a vida inteira rodando".

O Estadão flagrou a troca de mensagens do senador Sergio Moro com um homem que o instruiu a não divulgar o voto favorável em Flávio Dino
O Estadão flagrou a troca de mensagens do senador Sergio Moro com um homem que o instruiu a não divulgar o voto favorável em Flávio Dino
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

Procurado pelo Estadão, Moro informou, por intermédio da assessoria, que a pessoa com quem conversou pelo celular "sem ter informação do voto do senador fez a sugestão somente porque distorceram o posicionamento do parlamentar nas redes após cumprimento ao ministro Dino. Em resposta, o senador disse que iria manter o sigilo do voto, que é um instrumento de proteção contra retaliação". Moro não revelou quem é "Mestrão".

"Mestrão" é o apelido de Rafael Travassos Magalhães, de 28 anos, que trabalha como auxiliar parlamentar de Sérgio Moro desde agosto deste ano, conforme apurou o Estadão com pessoas próximas ao assessor.

Estadão
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