Mercadante nega irregularidade em doações da UTC e retoma discurso de vazamento seletivo
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, negou neste sábado que parte da doação à sua campanha ao governo de São Paulo em 2010 pelo Grupo UTC tenha sido feita de maneira ilegal e retomou o discurso de vazamento seletivo feito mais cedo pelo ministro da Comunicação Social, Edinho Silva.
Em delação divulgada na véspera pela imprensa, o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, teria indicado que 250 mil dos 500 mil reais doados teriam ido para o caixa 2 da campanha.
Segundo Mercadante, foram doados legalmente 250 mil pela UTC e a mesma quantia pela Constran, empresa do grupo UTC Engenharia, repetindo argumento utilizado na véspera em nota à imprensa. [nL1N0ZC2RS]
"As duas foram contribuições, foram legais, estão oficializadas e portanto não procede essa suspeição", disse neste sábado.
"Queria destacar que o candidato vitorioso do PSDB em São Paulo (Geraldo Alckmin) também recebeu dessas duas empresas 1,4 milhão de reais, sendo metade pela Constran, metade pela UTC", afirmou Mercadante, completando que também neste caso as contas foram devidamente prestadas à Justiça Eleitoral.
De acordo com o ministro, a divulgação da delação da forma como foi feita aponta "que há sim uma leitura focada numa disputa que não parou desde o fim das eleições", ecoando discurso do ministro Edinho Silva, que classificou o episódio de vazamento seletivo [nL1N0ZD0EE].
Questionado se o vazamento pode ter ocorrido para ofuscar visita oficial da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos, ele respondeu que "talvez tenha sido feito pra isso".
Mercadante, cujo nome foi publicado no Diário Oficial como um dos integrantes da comitiva que vai para os EUA, disse que ficará no Brasil por ser esse seu padrão enquanto ministro da Casa Civil na ausência de Dilma, mas reforçou que também permanece no país pela vontade de esclarecer o assunto.
Segundo ele, a presidente "está com muita vontade de falar" e "seguramente" o fará na viagem.
ECONOMIA
Perguntado sobre uma eventual redução da meta de superávit primário neste ano de 66,3 bilhões de reais, ou 1,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), Mercadante disse que o governo está trabalhando pela atual meta.
Ele prosseguiu dizendo que a recente mudança na banda de tolerância para a meta da inflação para 2017, com o teto para o IPCA reduzido a 6 por cento, mostra o esforço de estabilização da economia, acrescentando que quem responde de fato pelos temas fiscais é o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
"Espero (Levy) já restabelecido e que tenha muita saúde pra enfrentar, porque não está fácil", brincou.
O ministro da Fazenda foi hospitalizado na véspera por uma embolia pulmonar leve, mas manterá viagem aos Estados Unidos. [nL1N0ZD0EM]
(Por Marcela Ayres)