Moraes marca nova audiência para que Mauro Cid esclareça 'contradições'
Decisão do ministro do STF acontece após PF enviar relatório com informações de omissões de Mauro Cid durante depoimentos
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid preste novo depoimento. A decisão para uma nova audiência aconteceu após a Polícia Federal (PF) enviar relatório com informações de possíveis omissões de Cid e contradições entre depoimentos e a investigação.
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A defesa do militar e a Procuradoria-Geral da República (PGR) já foram notificadas sobre a nova audiência, que será presidida por Moraes, marcada para a próxima quinta-feira, 21, às 14h. Na decisão, o ministro aponta que há "contradições existentes entre os depoimentos do colaborador e as investigações realizadas pela Polícia Federal".
Moraes destacou, ainda, que o objetivo da nova audiência é o "esclarecimentos relacionados aos termos da colaboração (regularidade, legalidade, adequação e voluntariedade)".
No âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe para impedir que Lula fosse empossado, em janeiro de 2023, Cid depôs na sede da PF, em Brasília, nesta terça-feira, 19. O interrogatório, no entanto, foi visto com ceticismo pelos investigadores.
Ele negou saber sobre uma suposta trama golpista e planejamento operacional que visava o assassinato do então presidente eleito Lula (PT), seu vice, Geraldo Alckmin, e de Moraes após as eleições de 2022.
Para a PF, o militar fazia 'jogo duplo' com o general da reserva, ex-ministro da Justiça e candidato a vice-presidente de Bolsonaro nas eleições de 2022, Walter Braga Netto. Ele também foi chamado para se explicar sobre mensagens deletadas em seu aparelho celular, apreendido durante a investigação.
Após o interrogatório desta terça, a PF enviou ao STF um relatório com informações sobre as omissões de Cid, que podem prejudicar um acordo de delação premiada celebrado entre ele e a corporação. A Corte decidirá, também, se mantém ou rescinde o acordo.
Se a delação de Cid perder a validade, o tenente-coronel perde os benefícios concedidos, como responder em liberdade.
No documento remetido ao STF, a PF aponta que Cid descumpriu as cláusulas do acordo firmado no ano passado. Sob efeito prático, se Moraes decidir por rescindir a delação, as provas e depoimentos colhidos seguem válidos, incidindo apenas na perda dos benefícios.