Moraes nega que bolsonarismo o levou para esquerda e diz que cumpre a Constituição
Ministro do STF deu entrevista ao jornal Folha de S. Paulo e detalhou sua atuação no STF
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, declarou que o bolsonarismo não o levou para a esquerda.
"Eu permaneço onde sempre estive, cumprindo a Constituição", disse em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
Moraes também falou das reclamações e denúncias de abusos de poder provenientes de réus, advogados e até mesmo de parlamentares em relação aos atos do 8 de janeiro. Ele destacou que tais manifestações fazem parte do cenário democrático, embora algumas delas pareçam contraditórias.
"Eu recebo críticas com toda tranquilidade [...]. Enquanto não havia gente ligada a essas pessoas, elas tinham bordões, eu diria, fascistas em relação àqueles que cometiam crimes. Nunca defenderam o que elas têm agora no Supremo, devido processo legal, direito a advogado, a um julgamento por 11 ministros", disse.
Como relator das ações penais relacionadas ao 8 de janeiro, o ministro também defendeu seu trabalho, destacando que tem recebido respaldo do plenário do Supremo: "Isso é o maior motivo de satisfação, mostrando que a minha conduta vem sendo dentro dos parâmetros constitucionais."
"Não é porque é de classe média que não vai ser processado, condenado ou preso.Essas pessoas que hoje criticam o sistema penitenciário nunca se preocuparam com os 700 mil presos brasileiros", completou.
Em outro trecho da entrevista, Moraes abordou os elogios que recebeu de setores da esquerda, mesmo sendo adversários no passado, como ocorreu durante uma cerimônia no Palácio do Planalto na segunda-feira, 11.
O magistrado também respaldou a decisão do STF em relação à responsabilização de veículos de imprensa por declarações de entrevistados, embora tenha reconhecido a necessidade de ajustes no texto. "A decisão se aplica a todo tipo de veiculação. Principalmente na Justiça Eleitoral, onde nós já definimos, desde 2021, que a utilização das redes sociais, das big techs, equivale a meios de comunicação para fins da Justiça Eleitoral. Eu não vejo nada diferente na repercussão geral aprovada do que já se aplica", afirmou.