Moro: "Apoiei Bolsonaro e faria quantas vezes fosse necessário em oposição a Lula"
Senador também não nega seu orgulho pela Lava Jato, mas diz não gostar de ser rotulado como ‘lavajatista’
O senador Sérgio Moro (União-PR) afirma que não se considera bolsonarista, mas ressalta que apoiaria Jair Bolsonaro quantas vezes fosse necessário em um cenário de oposição a Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista à GloboNews, nesta terça-feira, 21, ele também comentou não gostar do termo ‘lavajatista’, mesmo tendo orgulho de sua atuação na Operação Lava Jato.
Embora tenha explicado que seu apoio a Bolsonaro ocorreu no contexto do segundo turno das eleições, quando, disse ele, havia apenas duas alternativas, Moro não descarta outra aliança com seu ex-desafeto e de quem foi ministro da Justiça.
"Apoiei Bolsonaro no segundo turno e faria quantas vezes fosse necessário em oposição ao Lula", afirmou.
Mas, agora que a eleição de Lula passou, Moro afirmou que sua atuação será na bancada de oposição ao governo no Congresso, para, em suas palavras, evitar retrocessos.
"Somos aliados na oposição. Não quer dizer que concordamos em todas as pautas. Mas temos pautas absolutamente convergentes. Eu diria que os próprios parlamentares, muitas vezes associados 'ah, esse aqui é bolsonarista' também não se sentem confortáveis com esse tipo de rotulação, porque o mundo e as pessoas são mais complexos", complementa. "Agora é o governo Lula. O foco é esse".
Afastamento de Appio
Na entrevista, Moro também chamou o juiz Eduardo Appio, seu sucessor na 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, de 'desequilibrado' e 'revanchista'. Eduardo Appio foi afastado temporariamente do cargo, enquanto o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) apura se é dele a voz registrada em uma ligação anônima ao filho do desembargador Marcelo Malucelli.
"Eu fui juiz por 22 anos. Nunca ouvi uma história dessa. É algo que mostra, além do comprometimento, da parcialidade do juiz, um certo nível de desequilíbrio", disse Moro ao canal.
O filho do desembargador é o advogado João Malucelli, sócio do escritório de advocacia da família Moro e namorado da filha do senador. Marcelo Malucelli havia derrubado uma decisão do juiz e, após o embate com Eduardo Appio, se declarou suspeito para participar de julgamentos da Lava Jato.
Moro afirmou que ajudou a denunciar o telefonema ao TRF-4. "Fiquei perplexo. Recolhi o material, entregamos ao tribunal e, depois disso, me distanciei", afirmou.
O senador classificou a ligação como 'esdrúxula' e chamou o episódio de 'estarrecedor' e 'grave escândalo'. Disse ainda que Eduardo Appio 'meteu os pés pelas mãos' e abusou do poder.
"Não pode um juiz ligar para ninguém e ameaçar ou fingir que é uma terceira pessoa. A gente vai passar pano nisso porque o filho do desembargador tem alguma relação comigo?", seguiu Moro.
Desde que assumiu o cargo, em fevereiro, Eduardo Appio deu novo ritmo aos processos remanescentes da Lava Jato, reviu decisões e reacendeu as denúncias de corrupção lançadas contra a operação pelo advogado Rodrigo Tacla Duran, ex-operador de propinas da Odebrecht. "Toda essa história é uma patifaria", rebateu Moro.
Para Moro, esse clima de 'revanchismo', como ele classifica, é pautado pelo governo Lula.
"É pauta desse governo, mão do governo criando um clima de revanchismo em relação a Temer, Bolsonaro, Lava jato, em relação a todos os atos e reformas que foram feitas. O que o governo deveria fazer? Aprofundar as reformas", opina.
*Com informações do Estadão Conteúdo