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Política

Moro diz que dossiê preparado por Vaccari 'parece coisa de aloprado'

Revelado pela 'Coluna do Estadão', documento foi elaborado para enfrentar atuação do ex-juiz e senador eleito e de Deltan Dallagnol no Congresso; ex-tesoureiro do PT sugere que parlamentares do partido usem a peça para 'cair em cima' da dupla da Lava Jato

26 out 2022 - 11h13
(atualizado às 11h21)
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O senador eleito Sérgio Moro (União Brasil-PR) criticou o dossiê preparado por João Vaccari Neto para municiar parlamentares petistas contra ele e o ex-procurador Deltan Dallagnol no Congresso Nacional, como revelado pela Coluna do Estadão. Segundo o ex-juiz, a elaboração do documento lembra "tirania" e "parece coisa de aloprado".

"Esse dossiê parece coisa de aloprado. (...) Caso aconteça um governo do PT, espero que isso não ocorra, serei oposição, e vou esperar que haja jogo baixo, mas estou com absoluta tranquilidade em relação ao que foi feito no passado e à nossa capacidade de resistir a qualquer espécie de tirania", afirmou o senador eleito, em entrevista à Jovem Pan.

Moro também disse "não ter ilusões" quanto à "prometida democracia petista", repudiando o que chamou de "patrulhamento ideológico" que atribui à legenda. O ex-juiz, que se aliou novamente ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição presidencial, criticou "acusações feitas por petistas" a quem não apoia a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como "fascista" e "nazista".

O senador eleito disse ainda que, a despeito de apoiar a reeleição do chefe do Executivo, terá atuação "independente" no Congresso e não dependerá de assentimento do governo para votar nas pautas que julga corretas. "Não estou indo ao Senado como funcionário do Bolsonaro", afirmou.

João Vaccari Neto foi condenado e preso no âmbito da Operação Lava Jato.
João Vaccari Neto foi condenado e preso no âmbito da Operação Lava Jato.
Foto: André Dusek/Estadão / Estadão

Como mostrou a Coluna do Estadão, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto trabalha na produção de um dossiê sobre a Lava Jato para servir de "munição" contra Moro e Dallagnol, que assumem cargos no Congresso em 2023. Em fase final de produção, o documento inclui trocas de mensagens entre procuradores e o ex-juiz obtidas ilegalmente por hackers, além de relatos de delatores e dados financeiros dos acordos firmados por réus com o Ministério Público.

"Na hora que o Deltan aparecer (no Congresso), vocês já caem de cacete em cima dele. Do Moro, a mesma coisa. Nós queremos também fazer chegar que eles esculhambam ministros do STF, esculhambam ministros do STJ. Ninguém fez esse tipo de trabalho", disse Vaccari a Rui Falcão, um dos coordenadores da campanha petista, em diálogo ao qual o Estadão teve acesso.

Tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2014, Vaccari foi condenado e preso no âmbito da Lava Jato. Considerado um quadro "fiel" da legenda, ele ficou calado em todos os depoimentos a juízes da operação e, diferentemente de outros alvos da força-tarefa, se negou a fazer delação premiada. Ele não participa oficialmente da atual campanha de Lula, mas segue atuando junto ao PT.

'Escândalo dos aloprados'

Em 2006, o ex-presidente Lula designou como "um bando de aloprados" os petistas que tentaram comprar um dossiê para prejudicar o então candidato ao governo de São Paulo, José Serra (PSDB). A suspeita, que culminou na prisão em flagrante de seis integrantes do PT, era de que assessores do então adversário do tucano à sucessão paulista, Aloizio Mercadante, teriam tentado comprar um dossiê contendo acusações falsas contra Serra e Geraldo Alckmin, hoje candidato a vice-presidente na chapa de Lula, e que à época disputava a Presidência contra o petista.

Estadão
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