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Política

Morre ex-deputado David Miranda, aos 37 anos, após 9 meses internado em UTI

Parlamentar tratava infecção generalizada no sistema gastrointestinal desde agosto de 2022; anúncio foi feito em redes sociais por seu marido e jornalista Glenn Greenwald

9 mai 2023 - 09h29
(atualizado em 28/7/2023 às 10h27)
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O ex-deputado federal David Miranda (PDT-RJ) morreu aos 37 anos, um dia antes do seu aniversário, após passar nove meses internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devido a uma infecção generalizada no sistema gastrointestinal. O anúncio foi feito nesta terça-feira, 9, por seu marido e jornalista Glenn Greenwald, em rede social: "Ele morreu em plena paz, cercado por nossos filhos, familiares e amigos". A causa da morte ainda não foi informada.

David estava internado desde o dia 6 de agosto de 2022, na UTI da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, com uma infecção generalizada no sistema gastrointestinal. Na época, o quadro era considerado grave.

"A vida de David foi extraordinária em todos os aspectos. Sua mãe morreu quando ele tinha 5 anos, deixando-o órfão em Jacarezinho. Mas uma vizinha linda e compassiva, Dona Eliane, acolheu-o apesar de ter 4 filhos de sua própria e profunda pobreza, tornou-se sua mãe, deu-lhe uma chance de vida", afirmou Glenn.

Nas redes sociais, Glenn fez uma retrospectiva da vida do marido, que perdeu a mãe logo na infância, deixando-o órfão aos 5 anos. "Mas uma vizinha linda e compassiva, Dona Eliane, acolheu-o apesar de ter 4 filhos de sua própria e profunda pobreza, tornou-se sua mãe, deu-lhe uma chance de vida", contou o jornalista.

Além do marido, Miranda deixa três filhos. "Mas acima de tudo, o maior sonho de David, aquilo que mais enchia seu coração, o seu maior propósito, era ser Pai. Era um pai dedicado e amoroso. Me ensinou a ser pai. E nossos filhos incríveis - com seu próprio início de vida difícil - são o maior legado de David.", disse Glenn.

Política

Já ativo na militância política e na defesa pela causa LGBT, David ingressou definitivamente na política nas eleições de 2016, quando disputou por uma vaga pelo PSOL na Câmara dos Municipal do Rio de Janeiro. Foi eleito com mais de 7 mil votos, sendo um dos seis parlamentares no partido na cidade. Sua vitória fez com que ele se transformasse no primeiro vereador gay da cidade do Rio de Janeiro a assumir uma cadeira na casa.

Quatro anos depois, Miranda disputou por uma vaga na Câmara dos Deputados, mas só alcançou a posição e primeira suplência da coligação PSOL-PCB, com um pouco mais de 17 mil votos. Mesmo com um resultado insuficiente para assumir a posição de titular, David chegou à Câmara dos Deputados para assumir a vaga deixada por Jean Wyllys (PSOL-RJ), que desistiu de assumir o seu terceiro mandato e optou por deixar o País, diante do número crescente de ameaças que passou a receber desde a eleição do então presidente Jair Bolsonaro.

David deixou o PSOL em 2022 para integrar o PDT, do presidenciável e ex-ministro Ciro Gomes. Na época, o deputado atribuiu a sua desfiliação à forte tendência do PSOL apoiar o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida eleitoral. "O PSOL, a meu ver, corre o risco neste momento de sacrificar a sua essência para se tornar um braço leal de um partido e ideologia a que foi criado para se opor", declarou o parlamentar, fazendo referência à probabilidade de a sigla formalizar o apoio a Lula e ao PT.

Em setembro de 2022, David era candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro, mas como ainda estava internado, teve que renunciar a sua candidatura. A renúncia foi anunciada na época por Glenn. "Essa é uma decisão extremamente difícil. Eu disse desde o começo de sua internação que a única pessoa que deveria tomar decisões sobre sua candidatura era o David. Mas infelizmente essa não é nossa realidade, essa decisão caiu em cima de mim. Consultei todas as pessoas próximas do David e todo o mundo está em consenso que essa é a única decisão a ser tomada", afirmou.

Estadão
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