Mourão aconselha Bolsonaro a falar 'com o seu povo'; presidente ignora
Conversa entre os líderes ocorreu neste sábado, 26, durante formatura militar da Academia Militar das Agulhas Negras; fala do vice viralizou em redes sociais e foi relatada por meio de leitura labial
Um vídeo do vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) viralizou nas redes sociais neste final de semana. No conteúdo, o vice pede para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fale com o "seu povo". Desde que perdeu o segundo turno para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro tem se mantido fora dos holofotes das agendas públicas e das redes sociais.
"Você não vai falar para o seu povo, não? Abre o jogo", diz o vice. Em resposta, o presidente faz um sinal negativo com a cabeça. A declaração de Mourão foi identificada pela CNN após análise de leitura labial.
A conversa entre os dois líderes aconteceu neste sábado, 26, durante cerimônia do Aspirantado 2022, promovida pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Essa foi a primeira participação de Bolsonaro em uma agenda oficial depois do resultado das urnas, em 30 de outubro.
Bolsonaro, entretanto, não seguiu o conselho de Mourão. O chefe do Executivo não discursou durante o evento e saiu do local sem falar com a imprensa. Ele segue em silêncio também nas redes sociais.
O isolamento de Bolsonaro após o segundo turno tem sido justificado por aliados, dentre eles o vice Mourão, devido ao agravamento de uma ferida na perna por causa de erisipela, um tipo infecção cutânea. Na semana passada, o atual chefe do Executivo também foi diagnosticado com uma nova hérnia, reflexo ainda da facada da qual foi vítima em 2018.
Na semana passada, o PL, partido de Bolsonaro, entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a anulação dos votos de 279,3 mil urnas eletrônicas, sem nenhuma prova de que tivesse ocorrido qualquer problema nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral, contrariando inclusive auditoria das Forças Armadas e do Tribunal de Contas da Uniáo. Para a sigla, o presidente teve 51,05% dos votos no segundo turno (descontadas tais urnas apenas no segundo turno) e teria derrotado Luiz Inácio Lula da Silva, já oficializado vencedor do pleito.
A ação, entretanto, foi julgada como uma atitude de má-fé pelo ministro do TSE, Alexandre de Moraes, que determinou uma multa de R$ 22,9 milhões ao PL.