Mourão preparou discurso a empresários por uma semana
Vice-presidente arrancou aplausos em diversos momentos dos representantes do mercado na Fiesp; dirigentes o saudaram de pé ao final
As falas proferidas pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, em frente a centenas de representantes do mercado nesta terça-feira (26) foram elaboradas durante cerca de uma semana. As declarações foram dadas aos empresários no teatro da Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo).
Os representantes da iniciativa privada gostaram do que ouviram de Mourão. O vice-presidente e general da reserva foi aplaudido diversas vezes. Por exemplo, quando afirmou que as regras trabalhistas devem ser flexibilizadas além das mudanças já feitas na reforma de 2017. Também quando disse que o governo teria eficiência, responsabilidade e "zero corrupção".
Os presentes ainda demonstraram aprovação quando o vice classificou o presidente Jair Bolsonaro como um estadista. Quando terminou seu pronunciamento, foi aplaudido de pé. Segundo apurou o Terra, o discurso que Mourão leu foi preparado por ele e sua equipe por cerca de sete dias.
Os pronunciamentos públicos mais importantes do vice-presidente têm a mão de uma equipe de mais de dez pessoas, como seus quatro assessores diretos (três militares e um civil), os chefes de seu gabinete (dois generais) e assessores técnicos.
Todos dão sugestões, e o vice-presidente as aprova ou reprova. Ao final, os tópicos são transformados em um texto coeso. Outros dos tópicos eleitos por Mourão para o fim da tarde desta terça foram elogios a Margart Thatcher e Ronald Reagan, principais expoentes do neoliberalismo.
Também afirmou que há um conflito internacional próximo do Brasil -- referindo-se à disputa de China, Rússia e Estados Unidos pela influência sobre a Venezuela. Além disso, criticou o socialismo, que disse ser um pensamento comum na América Latina, e elogiou a propriedade privada. "Existem pessoas que acreditam que o Muro de Berlim ainda está de pé".
Tudo música para os ouvidos dos presentes. O presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Alarico Assumpção, elegeu um ponto principal no discurso: "O comprometimento dele com responsabilidade pela aprovação das reformas".
As falas de Mourão veem em um momento em que o empresariado está preocupado com o andamento das mudanças estruturais propostas pelo governo Bolsonaro. Elas precisam passar pelo Congresso Nacional, e a articulação entre Executivo e Legislativo não tem funcionado.
As reclamações de congressistas sobre uma falta de traquejo político do governo datam de semanas atrás. Nos últimos dias, porém, Rodrigo Maia, presidente da Câmara e principal fiador da reforma da Previdência, tornou públicos os atritos.
Na noite desta quinta Mourão ainda participará de outro evento, mais restrito. Trata-se de um jantar na casa do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ao qual comparecerão cerca de trinta pessoas. Entre elas, pesos pesados do PIB nacional.