MP de Brasília pede a condenação da vice-governadora do DF e de três ex-deputados por corrupção
Processo faz referência à Operação Drácon, deflagrada em 2016 e que investigou um esquema de propinas entre o Legislativo do DF e empresas de saúde; procurada, Celina Leão disse esperar que as decisões judiciais sejam tomadas com 'imparcialidade'
BRASÍLIA - O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pediu, no último dia 4, a condenação da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), e de três ex-deputados distritais por corrupção passiva em um esquema de negociação de propina no Legislativo da capital da República.
Em nota enviada ao Estadão, Celina disse que tomou conhecimento do parecer do MP e espera que o restante do julgamento transcorra com imparcialidade. "A vice-governadora reafirma sua plena confiança na justiça, confiando que todas as decisões serão tomadas com firmeza, imparcialidade e total respeito à legalidade", afirmou.
Além de Celina, o MP pediu a condenação do deputado federal Júlio César Ribeiro (Republicanos-DF), do secretário de Turismo do DF, Cristiano Araújo, e de Renato Andrade dos Santos, atual administrador de Taguatinga, uma das 35 regiões administrativas da capital federal.
Todos eles ocupavam cargos na Mesa Diretora da CLDF, que foi alvo da Operação Drácon, deflagrada em 2016 e que investigou um suposto esquema que destinou R$ 30 milhões de sobras orçamentárias para empresas que prestavam serviços para a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). Os acordos, segundo o MP, eram feitos em troca de propinas. Na época, Celina era a então presidente do Legislativo local.
Ao Estadão, Cristiano Araújo afirmou que o processo está sendo acompanhado por ele e pelos advogados do secretário. "Ao final, estará comprovado que não há culpabilidade de sua parte e reitera sua inocência", disse o chefe da pasta do Turismo do DF.
O Estadão procurou Júlio César Ribeiro e Renato Andrade, mas não obteve retorno.
O MP pediu que os quatro políticos sejam condenados por corrupção passiva, com penas agravadas por se tratarem de funcionários da administração pública. Também foi sugerido o pagamento de R$ 3.050.355,37 como ressarcimento ao erário. A informação foi revelada pelo portal g1 e confirmada pelo Estadão.
No dia em que a Operação Drácon, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) afastou os quatro da Mesa Diretora da CLDF. Agora, o Tribunal deve julgar se vai condenar ou absolver os políticos. Na época em que o escândalo estourou, o caso ficou conhecido como "UTIgates". O julgamento ainda não tem data para ser realizado.
Após deixar a CLDF em 2018, Celina Leão foi eleita como vice-governadora em 2022, na chapa do governador Ibaneis Rocha (MDB). Ela ganhou destaque nacional oito dias depois da posse, quando Ibaneis foi afastado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por suspeitas de omissão nos atos golpistas de 8 de Janeiro.
Ela foi governadora interina entre o dia dos ataques até 16 de março do ano passado. Atualmente, é cotada para suceder Ibaneis na disputa pelo governo do DF em 2026, em uma frente ampla da direita que uniria o PP, o Republicanos e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Uma possível condenação pode prejudicar os planos. Isso se dá porque condenados por corrupção, em processos transitados em julgado, não podem ocupar cargos públicos devido à lei da ficha limpa.
Júlio César Ribeiro, por sua vez, está no segundo mandato de deputado federal. Em 2022, ele foi eleito ao cargo com 76.274 votos. Renato Andrade e Cristiano Araújo, por sua vez, não possuem mandatos eletivos, mas ocupam cargos estratégicos no governo de Ibaneis.