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Política

MP promete a manifestantes divulgar dados de investigação sobre Cabral

Procurador-geral do MP-RJ promete cumprir acordo feito com manifestantes na noite de quarta-feira

1 ago 2013 - 11h12
(atualizado às 11h22)
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O procurador-geral do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), Marfan Martins Vieira, prometeu que, a partir desta quinta-feira, o site da entidade vai divulgar com mais frequência o andamento das investigações sobre a utilização de helicópteros por parte do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. A promessa é fruto do acordo feito entre Marfan e os manifestantes que marcharam ontem da Cinelândia até o Ministério Público, onde o procurador-geral foi ao encontro do grupo e recebeu um papel com dez itens reivindicados pelos cerca de 700 jovens que voltaram às ruas na noite de ontem.

"Vamos mudar radicalmente nossa comunicação no site. De tudo o que eles me entregaram, praticamente todas já têm investigação abertas. Eles pedem pressa, mas isso depende muito mais da Justiça do que do MP, e que infelizmente no nosso País não é tão ágil assim", disse Marfan.

Sobre a Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo, que os manifestantes pedem que seja revogado, Marfan disse que o decreto publicado pelo governador foi mal interpretado. "Pela lei, o sigilo só pode ser quebrado judicialmente. O artigo estabelecia apenas um prazo para as operadoras prestarem as informações. Mas isso não ficou claro e modificou-se o decreto", afirmou.

Segundo o procurador-geral, o decreto só vale para dois fatos: o vandalismo e a repressão policial. "E isso não está no bojo dessas manifestações. O decreto vale para grupos que cometem algum tipo de vandalismo e precisam ser reprimidos, como para coibir qualquer abuso policial nesse tipo de manifestações legítimas." Marfan afirmou que ele mesmo foi às ruas se manifestar contra a PEC 37, que diminuía o poder de investigação do MP e não foi aprovada pelo Congresso Nacional.

Marfan Vieira fez questão de ressaltar que o MP não tem compromisso com defender o governo, e sim defender a população e a ordem democrática - por isso, ele disse que preferiu ir até os manifestantes para falar com eles na noite de quarta-feira. "Não podemos ficar encastelados. Se eles querem falar com o Ministério Público mas não têm uma liderança, o procurador-geral desce e fala com a massa. Não tem problema. O diálogo fica mais difícil, não progride muito, mas temos que estar próximos da sociedade."

Amarildo, o pedreiro desaparecido

Na tarde desta quinta-feira, o procurador geral recebe a mulher e um dos filhos do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido há 16 dias na favela da Rocinha depois de ter sido levado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora para a sede da UPP para averiguação. Participará da reunião o delegado Rivaldo Barbosa, da Delegacia de Homicídios.

"Vai ser uma primeira interação entre todos para que se possa esclarecer com mais rapidez o que aconteceu", disse Marfan. Estarão presentes também o subprocurador-geral de Direitos Humanos, Erthulei Laureano, o promotor Humberto das Neves e o deputado estadual Geraldo Pudim (PR-RJ), que está acompanhando a família.

Moradores da Rocinha farão uma nova manifestação na tarde de hoje - o ato deve sair do bairro e ir até a casa do governador Sérgio Cabral, no Leblon, para cobrar explicações do governo, da secretaria de Segurança e da Polícia Militar sobre o paradeiro de Amarildo. O secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, disse ontem que o caso já está sendo tratado como homicídio. 

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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