MP vê 'inadequação' em imagem que associa cabelo afro à queimada, e governo do DF retira campanha
Na semana passada, o deputado distrital Fábio Félix (PSOL-DF) acusou o governo local de ter cometido o racismo. A representação do parlamentar foi arquivada pelo MP
BRASÍLIA - O Governo do Distrito Federal (GDF) retirou do ar uma campanha publicitária em que relacionava um cabelo blackpower com queimada. Segundo o governo do DF, a decisão ocorreu devido a repercussão negativa do anúncio.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) considerou a campanha "inadequada" e advertiu o governo local. A produção foi veiculada no dia 12 de julho e foi alvo de uma representação no MP de autoria do deputado distrital Fábio Félix (PSOL).
O Ministério Público disse ao Estadão que realizou uma reunião com a Secretaria de Comunicação do Governo do DF, onde foi discutida a conscientização racial e a "compreensão dos argumentos" que renderam as críticas nas redes e a ação judicial movida de Félix. O MP também informou que encerrou o procedimento solicitado pelo parlamentar, argumento que não foi observada "a vontade expressa dos agentes públicos para o cometimento do crime de racismo".
"Além disso, a Secretaria acolheu os argumentos do Ministério Público para a não retomada das peças publicitárias, a partir de um diálogo em torno da conscientização racial. Por fim, não foi constatado no decorrer da apuração a comprovação de dolo, ou seja, não foi observada a vontade expressa dos agentes públicos para o cometimento do crime de racismo", disse o MPDFT em nota.
Publicidade foi criticada por comparar blackpower com queimadas
A peça publicitária mostrava um homem negro com metade do seu penteado blackpower sendo formado por galhos incinerados de queimadas. De acordo com o Governo do DF, a intenção da campanha era a "de alertar para os danos causados ao cerrado, buscamos destacar como as queimadas também prejudicam a natureza humana".
Outro parlamentar que criticou a produção foi Max Maciel (PSOL-DF), companheiro de Félix na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Maciel disse ao Estadão que a propaganda reforça que o racismo está presente nas instituições governamentais do DF.