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Política

'Muita gente não desejava largar o poder', diz Múcio sobre suposta adesão de almirante a golpe

Ministro da Defesa afirma que integrantes das Forças Armadas resistiram à troca de governos depois da derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais

22 set 2023 - 17h48
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BRASÍLIA - O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta sexta-feira, 22, que percebia que "muita gente desejava não largar o poder" durante o período de transição entre os governos de Jair Bolsonaro (PL) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Múcio deu a declaração ao ser questionado sobre a postura do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, acusado de ter aderido a uma proposta de golpe de Estado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em delação premiada.

Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) promove audiência pública com o ministro da Defesa, José Múcio, para a prestação de esclarecimentos aos parlamentares sobre os projetos e as perspectivas da pasta. Foto: Pedro França/Agência Senado - 04/05/2023
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) promove audiência pública com o ministro da Defesa, José Múcio, para a prestação de esclarecimentos aos parlamentares sobre os projetos e as perspectivas da pasta. Foto: Pedro França/Agência Senado - 04/05/2023
Foto: Pedro França/Agência Senado / Estadão

"Não sei se ele tinha aspirações golpistas, mas a gente via, os jornais falavam. Era outro governo, outros comandantes (da Marinha, do Exército e da Aeronáutica), outro presidente da República. Na verdade, a gente percebia que muita gente não desejava sair do poder, largar o poder. Mas no dia 1º de janeiro, as Forças Armadas garantiram a posse do presidente e nós fomos vivendo a nossa plenitude democrática", afirmou o ministro.

Múcio também afirmou que não foi recebido por Garnier após a derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais. Segundo a Coluna da Vera Rosa, em uma inédita quebra de protocolo, o almirante não quis se reunir com o então novo chefe da Defesa e também não participou da cerimônia para passar o bastão a seu sucessor, Marcos Sampaio Olsen. "Ele não me recebeu, eu percebia. Os outros comandantes me receberam", disse Múcio.

Relatora da CPMI quer convocar almirante

Nesta quinta-feira, 21, a relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), disse que apresentará requerimentos de convocação e quebra do sigilo telemático do almirante Garnier. Segundo ela, os fatos delatados por Mauro Cid podem apresentar provas sobre a autoria intelectual dos ataques às sedes dos Três Poderes. A base governista do colegiado defende que Bolsonaro foi o responsável por idealizar as invasões aos prédios. Já a oposição tenta desatrelar a imagem do ex-chefe do Executivo do episódio.

"Diante do fato de hoje, o almirante passa a ser uma pessoa absolutamente fundamental. A volta do Mauro Cid. Eu elencaria essas duas figuras como muito centrais para a reta final dos trabalhos da CPMI. Se houve uma motivação, um chamamento para reunião, uma apresentação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), se houve ali uma iniciativa de se questionar o processo eleitoral e estabelecer uma intervenção, não há dúvida nenhuma que é uma ação inconstitucional e deverá ser, sim, levada em consideração pela CPMI", afirmou a relatora.

Segundo Múcio, a convocação de Garnier não causaria um constrangimento para o Ministério da Defesa. "Eles são soberanos, o presidente e a relatora (da CPMI) podem convocar quem quiser. Eu acho que, se for para esclarecer, eles têm toda a autoridade e tem poder para fazer isso", afirmou.

A previsão é que os requerimentos de Eliziane sejam votados na próxima terça-feira, 26, antes da sessão que ouvirá o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.

José Múcio Monteiro, ministro da Defesa, diz que havia "muita gente que não desejava sair do poder" no governo anterior
José Múcio Monteiro, ministro da Defesa, diz que havia "muita gente que não desejava sair do poder" no governo anterior
Foto: Pedro França/Agência Senado / Estadão
Estadão
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