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Política

MST faz mobilização 'comportada' no Dia da Mulher, sem invasões

Pela primeira vez em 15 anos, não houve ocupação de terras ou prédios privados; presidente da República já manifestou intenções de enquadrar atos do movimento como ações terroristas

8 mar 2019 - 19h44
(atualizado às 20h22)
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Na primeira mobilização nacional durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou atos nesta sexta-feira, 8, pelo Dia Internacional da Mulher nos principais Estados do País sem invadir uma única fazenda. Em 15 anos, é a primeira vez que isso acontece.

No ano passado, durante a jornada de março, mulheres do MST invadiram a fazenda do então presidente Michel Temer (MDB), no interior de São Paulo, o porto de Natal, a fábrica da Nestlé em São Lourenço (MG), a sede da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), além das sedes do Incra em Brasília e em outras capitais, em ações que exigiram intervenção policial.

Roda de conversa que compôs manifestação do MST pelo Dia Internacional da Mulher em Florianópolis
Roda de conversa que compôs manifestação do MST pelo Dia Internacional da Mulher em Florianópolis
Foto: Reprodução/MST / Estadão

Este ano, a jornada foi marcada por atos públicos em capitais, como São Paulo, Salvador, Belém, Porto Alegre e Maceió, sem a ocupação de prédios e áreas públicas ou particulares. Os atos incluíram atividades culturais, oficinas artísticas e homenagens a Marielle Franco, a vereadora assassinada no Rio de Janeiro. Houve até distribuição de alimentos cultivados nos assentamentos para a população em cidades de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Apenas em Ipiaú, na Bahia, 200 mulheres do MST e do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) ocuparam a mineradora australiana Mirabela Nickel. A empresa foi desocupada duas horas depois sem que os trabalhos fossem paralisados.

A atuação 'comportada' do maior movimento de luta agrária do País coincide com a ofensiva de Bolsonaro para criminalizar o MST. Depois de nomear o ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Nabhan Garcia, inimigo declarado do MST, para a Secretaria de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Bolsonaro determinou aos órgãos do governo que só ouvissem movimentos sociais com personalidade jurídica - o que excluiria o MST -, mas voltou atrás. O presidente também ameaçou tratar como "ato de terrorismo" invasões de propriedades.

O MST informou que as ações do Dia Internacional da Mulher foram atos políticos em defesa da reforma agrária, da luta das mulheres pelos seus direitos e contra a reforma da previdência. De acordo com Débora Nunes, da coordenação nacional, as manifestações em todo o país foram pacíficas, mas atingiram o objetivo de chamar a atenção da sociedade para "os ataques que a reforma agrária e os movimentos de luta pela terra têm recebido do governo Bolsonaro". Segundo ela, a mobilização continua até o dia 14 e nenhuma forma de luta está descartada.

Estadão
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