FAB descarta pane em aeronave que caiu com Teori Zavascki
O avião que caiu no acidente em que morreu o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki não registrou pane ou mau funcionamento, de acordo com o relatório final da investigação realizada pela Força Aérea Brasileira (FAB), divulgado nesta segunda-feira (22/01). A queda ocorreu em Paraty há um ano.
O relatório, produzido pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), subordinado à FAB, revelou que a manutenção da aeronave e sua documentação estavam em dia. Os investigadores indicaram, no entanto, que no momento da queda a visibilidade era restrita e abaixo da exigida. O documento destaca que o piloto tinha acesso a essa informação.
"A visibilidade horizontal da baía do Paraty no momento do acidente estava em 1,5 mil metros, muito abaixo da requerida, que é de 5 mil metros", afirmou o coronel Marcelo Moreno, que comandou a investigação.
Moreno destacou que, se respeitadas as condições meteorológicas e visuais, é seguro pousar ou decolar no aeroporto de Paraty. No momento da decolagem essas condições estavam adequadas para o pouso na cidade, porém, elas pioraram ao longo do voo. O coronel disse que o piloto provavelmente teve uma desorientação espacial que levou a perda de controle da aeronave.
O relatório afirmou que a aeronave caiu às 13h44, quando chovia moderadamente na região, e que a visibilidade entre 10h e 16h estava abaixo da permitida para pousos. O documento acrescenta que a decolagem, subida e descida do avião ocorreram sem anormalidades.
O avião em que estavam Teori e mais quatro pessoas caiu no litoral de Paraty em 19 de janeiro de 2017, durante uma tentativa de pouso no aeroporto da cidade. Além dele, estavam na aeronave o empresário Carlos Alberto Filgueiras, dono do grupo hoteleiro Emiliano, o piloto Osmar Rodrigues, a massoterapeuta de Carlos Alberto, Maíra Panas, além da mãe dela, Maria Panas. Todos morreram na queda.
A aeronave caiu no mar a dois quilômetros da cabeceira da pista do aeroporto de Paraty. O relatório aponta ainda que o piloto tentou recolher o trem de pouso. Testemunhas disseram que o avião fez uma curva pouco antes do acidente e, neste momento, teria perdido a altitude e batido na água.
O Cenipa destacou que nos últimos dez anos ocorreram 13 acidentes na região e que em seis dos casos as condições meteorológicas tiveram importância considerável.
O relatório informou também que o piloto tinha cerca de 7,5 mil horas de voo e que, somente nos 12 meses anteriores à queda, realizou 33 voos para Paraty. Ele não tinha problemas de saúde que comprometessem o trabalho e também não ingeriu álcool ou drogas antes do acidente.
O Cenipa não apontou responsáveis pela queda, apenas apresentou fatores que contribuíram para o acidente. O caso ainda está sendo investigado pela Polícia Federal (PF). Essa investigação corre sob sigilo.
Teori era o relator dos processos referentes aos inquéritos da Operação Lava Jato que tramitavam no Supremo Tribunal Federal. Estas ações envolviam o presidente, ministros do governo Temer e parlamentares. As investigações foram passadas para o ministro Edson Fachin. Já a vaga de Teori no STF foi ocupada pelo ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes.
CN/ots
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