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Política

Não pode ficar nenhum 'bolsonarista raiz' no governo, ordena Lula

Presidente determina 'triagem profunda' para detectar seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro na máquina federal

12 jan 2023 - 21h15
(atualizado às 21h29)
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O presidente Lula em café com jornalistas defendeu a identificação e punição de quem invadiu os prédios públicos no domingo, 8
O presidente Lula em café com jornalistas defendeu a identificação e punição de quem invadiu os prédios públicos no domingo, 8
Foto: Wilton Junior / Estadão / Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) orientou os ministros de seu governo a demitirem todos os funcionários identificados como "bolsonarista raiz". "Não pode ficar ninguém que seja suspeito de ser bolsonarista raiz aqui dentro", afirmou Lula, em café com jornalistas nesta quinta-feira, dia 12, no Palácio do Planalto.

A declaração escancara o processo de desbolsonarização da máquina federal, que também atingiu militares em cargos de chefia e atingiu cerca de 1,4 mil servidores, conforme mostrou o Estadão. Houve tentativa de identificar ex-colaboradores do governo Bolsonaro que tentam cavar sua permanência sob Lula.

Na campanha eleitoral, Lula prometera remover da máquina pública os cerca de 6 mil militares identificados pelo Tribunal de Contas da União.

O líder petista disse que os ministros precisam ter conhecimento de sua orientação. Ele afirmou também que o governo promove uma "triagem profunda" dos servidores que atuavam na Presidência da República e nos ministérios. O presidente disse que o Planalto estava "repleto de bolsonaristas".

"Estamos apenas há 12 dias no governo, nem terminamos ainda de montar o governo. Até agora foram indicados poucos, estamos fazendo uma triagem profunda. A verdade é que o palácio estava repleto de bolsonaristas e militares e queremos corrigir por funcionários de carreira, de preferência civis que estavam aqui e foram transferidos para outro departamento para que se transforme num gabinete civil, numa Presidência da República com mais civilidade do que nos últimos quatro anos", afirmou Lula.

Lula afirmou, no entanto, que não quer fazer um palácio só de petistas e que não importa a opção de voto de cada servidor, mas sim sua postura profissional.

"Não quero fazer um processo de perseguição por que o cara um dia foi lavajatista. A sociedade foi tão enganada e a imprensa foi tão ludibriada por um procurador e um juiz de forma triste...", afirmou Lula. "Se o cara votou no Bolsonaro e presta o serviço com retidão, por que não pode ficar? Não quero fazer um palácio de petista. Não vou chegar em cada repartição perguntando em 'quem você votou?'. Para não ser enganado não preciso perguntar isso", ironizou.

Apesar do discurso de Lula, o Estadão revelou que uma das maiores referências em vacinação do País, a pediatra Ana Goretti Kalume Maranhão foi barrada pelo Palácio do Planalto para chefiar o recém-criado Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde. O veto foi feito pela Casa Civil, pasta que dá a última decisão sobre escolhas para cargos comissionados. O ministério alegou que ela fez postagens com críticas ao PT e em defesa da Operação Lava Jato. Isso configuraria uma "restrição partidária".

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que a "avaliação política" dos nomeados no governo é feita pela Secretaria de Relações Institucionais.

Lula também defendeu o levantamento de sigilos do governo Jair Bolsonaro. Ele disse ter dado orientações à Controladoria-Geral da União para levantar sigilos de interesse público, com dados sobre a atuação de autoridades do governo passado, mas não de vida privada do clã Bolsonaro. Entre eles, Lula questionou sigilos sobre o processo disciplinar no Exército que não puniu o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.

"Não quero passar ideia de que vamos fazer perseguição sistemática a ninguém. Não quero fazer disso o meu mandado. Meu mandato é outro, não é ficar brigando com o Bolsonaro, é brigar contra a fome, a desigualdade e o desemprego", afirmou Lula.

Estadão
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