Nas redes, avaliação é de que vídeo favorece presidente
Segundo monitoramento, até opositores do governo concordam, mas dizem que vídeo mostra 'inaptidão' de Bolsonaro
Relatório da DL Rosenfield indica que o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril foi interpretado nas redes sociais como uma "grande vitória" para bolsonaristas. Com dados coletados entre sexta-feira, dia da divulgação da gravação, e sábado, 23, foi notado "entusiasmo" e grande engajamento entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o levantamento, entre os opositores também predomina a avaliação de que o vídeo favorece Bolsonaro. Para eles, no entanto, a gravação divulgada comprova as denúncias e mostra, com os palavrões e arroubos, a "inaptidão" do presidente em comandar o País.
O documento ainda menciona "idolatria em níveis preocupantes" entre apoiadores e que essa parcela adota uma "postura defensiva intransigente" de militância. "As redes sociais dos bolsonaristas aderem aos valores e à linguagem do presidente, portanto armamentismo e palavrões estão presentes. E a quase ausência do tema da pandemia na reunião não é criticado entre os apoiadores", disse o professor Denis Lerrer Rosenfield, da consultoria DL.
Análise da consultoria Bites complementa o relatório da DL Rosenfield. Segundo a consultoria, o tom das redes foi "extremamente positivo" para o presidente. André Eler, gerente da Bites, avaliou que "a militância bolsonarista nunca esteve com um discurso tão alinhado e tão pronto desde o início da crise da pandemia" do coronavírus.
Só em duas outras ocasiões nesse período, segundo Eler, Bolsonaro gerou tanto interesse nas redes sociais quanto sexta-feira: em 25 de março, na repercussão de um pronunciamento em rede nacional na noite anterior, e em 24 de abril, o dia da saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça.
Entre os deputados federais, a dinâmica da polarização se manteve. Segundo a Bites, nas quatro horas após a divulgação do vídeo, parlamentares publicaram 752 posts em seus perfis oficiais nas redes sociais. Três partidos de oposição (PT, PSOL e PCdoB) foram responsáveis por 54% dos posts nesse período, enquanto o PSL ficou com 17% do volume.
Fabio Malini, do Laboratório de Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo, identificou 104 mil perfis com posicionamento de defesa de Bolsonaro no Twitter. Segundo ele, do total de participantes da discussão sobre a reunião, 14,4% eram favoráveis ao presidente. Malini observou que, pelas interações no Twitter, já há unificação de uma frente anti-Bolsonaro. Perfis identificados como "lavajatistas" e de esquerda interagem entre si para criticar o governo. "Se os caciques dos partidos batem cabeça na tal frente ampla, isso é problema deles. Por aqui, já unificou", escreveu Malini ao publicar sua análise.